Estoque de carbono, biodiversidade e ciclo hidrológico são os três principais benefícios que a floresta traz para o planeta. Como brasileiro, votar pela preservação nas eleições é uma das ações mais importantes.
Há muitas maneiras diferentes de olhar a Amazônia. Importante notarmos que ela é mais do que bilhões de árvores em uma enorme área de mais de 6 milhões de quilômetros quadrados.
A Amazônia tem uma vida própria integrada ao sistema que regula o clima da América do Sul e do planeta. Ela alimenta com seus serviços ecossistêmicos o agronegócio brasileiro e fornece água para uma boa parte da população do país.
Além dessas funções essenciais, a floresta Amazônica é um reservatório de carbono maior do que qualquer ecossistema do planeta, constituída por mais de 120 bilhões de toneladas em sua biomassa. É um número tão grande, que é difícil entender sua magnitude — atualmente, toda a queima de combustíveis fósseis do planeta atualmente emite para a atmosfera cerca de 9,5 bilhões de toneladas de carbono.
Ou seja: temos em carbono armazenado na Amazônia o equivalente a mais de 10 anos de toda a queima de combustíveis fósseis de toda a Terra. Essa é uma das razões por que cada um de nós temos que ficar preocupados com o que está acontecendo atualmente com nossa floresta.
A biodiversidade Amazônica é de uma riqueza incomum. Encontra-se mais espécies de plantas, insetos e animais por quilômetro quadrado do que em qualquer outra área do planeta. Isso não é pouca coisa, pois a biodiversidade é a chave da evolução biológica.
O complexo inter-relacionamento entre espécies e, principalmente, a forte cooperação e competição é o que faz a riqueza da vida na Amazônia. Fungos nas raízes ajudam as plantas a absorverem nutrientes essenciais, animais espalham sementes e polinizam ajudando-as a se reproduzirem. Todos cooperam para que o conjunto seja mais forte do que cada espécie individual.
Um terceiro aspecto fundamental é seu papel no ciclo hidrológico do planeta. Cada árvore suga do solo quantidades enormes de água, levando, assim, o líquido para a copa. A água sai como vapor pelos estômatos como parte do processo da fotossíntese. Esse processo é essencial na manutenção da chuva, não só na Amazônia, mas em grande parte da América do Sul e do planeta.
É na Amazônia que temos o maior ciclo hidrológico da Terra, e o rio Amazonas descarrega no oceano Atlântico cerca de 220.000 metros cúbicos de água por segundo. Esse fluxo é maior do que a descarga dos 7 maiores rios do mundo depois do Amazonas. Isso não é pouca coisa.
Esses 3 aspectos — estoque de carbono, biodiversidade e ciclo hidrológico — ilustram a grandeza do ecossistema amazônico. E o que nosso país está fazendo em troca desses benefícios essenciais?
Estamos fazendo todo o esforço possível para destruir a Amazônia o mais rápido que pudermos. Somente no ano passado, desmatamos mais de 13.500 km² de florestas, além de degradar uma área ainda maior do que essa.
Nos últimos 40 anos, destruímos uma área enorme: 19% da floresta original. Nos últimos 4 anos, o processo de destruição foi acelerado, com a invasão e desmatamento de terras públicas, garimpos ilegais em terras indígenas, exportação ilegal de madeira e outras atividades similares.
A floresta Amazônica acabou sendo dominada por atividades criminosas. Importante lembrar que a Constituição do Brasil deveria ser respeitada em todo o território nacional, ou seja, inclusive na Amazônia. Mas, a atuação de milícias, que não respeitam qualquer lei, acabou por tomar conta da maior parte das atividades na região.
Temos que fazer com que a lei seja restaurada e, além disso, encontrarmos maneiras de dar uma vida digna aos milhões de brasileiros que vivem na Amazônia. Temos também que respeitar os territórios indígenas, pois as áreas mais preservadas são exatamente as que foram demarcadas para esses povos tradicionais.
O que podemos fazer pela Amazônia?
Atualmente, a ação mais importante é votar em um governo que se comprometa com a preservação da floresta. Isso, combinado com dar uma vida digna aos brasileiros que lá habitam.
É importante também preservar as culturas dos povos indígenas, que são riquíssimas, e constituem os povos originais do nosso Brasil. Como nação, temos dívidas importantes para com aqueles que habitam de modo sustentável a Amazônia há milênios. Não menos importante é aprender com a ciência desenvolvida por estas populações sobre como preservar a floresta e construir uma sociedade sustentável.
São tarefas urgentes para cada um de nós, brasileiros, em respeito à natureza que tanto nos dá em troca.
Os artigos de opinião são de responsabilidade do seu autor.
Este texto faz parte de uma série de artigos com o tema “O que eu posso fazer pela Amazônia?”. Leia também o que dizem os outros colunistas do PlenaMata sobre o assunto:
- Clarissa Gandour: ‘Desromantizar’ a Amazônia para agir
- Salo Coslovsky: Como conhecer o básico sobre a Amazônia para lutar por ela
- Brenda Brito: Papo reto sobre eleições com você, amazônida