Mesmo com a devastação da Floresta Amazônica em queda, bioma corre sério risco de savanização devido às mudanças climáticas

Os dados de novembro do Sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de monitoramento via satélite, reforçam que é possível deter a devastação da Amazônia com ações de fiscalização, controle e punição a quem desmata a floresta. Entretanto, mesmo que o governo brasileiro consiga fazer esse dever de casa, como tem mostrado, o bioma continua sendo ameaçado pela crise climática, cuja principal causa é a queima de combustíveis fósseis.

No mês passado, o desmatamento da Floresta Amazônica caiu ao seu menor índice para novembro desde o início dos registros, em 2015, confirmando a tendência de declínio desse indicador no governo Lula. Foram 201,1 km² desmatados em novembro, informa O Globo, queda de 64% frente aos 554,66 km² registrados no mesmo mês de 2022 pelo DETER.

No acumulado de 2023 até novembro, os dados preliminares do INPE mostram que a devastação do bioma caiu 50,5%, somando 4.977 km². Embora represente pouco mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo, trata-se do menor índice desde 2018, destaca o Brasil 247.

“São resultados muito importantes, especialmente para um bioma que vem sofrendo tanto neste momento com uma seca extrema e queimadas em algumas regiões. Existe um plano, uma estratégia coordenada para que essa queda seja sustentada e a gente possa caminhar nesse rumo de um desmatamento zero até 2030”, disse a diretora de Estratégia do WWF-Brasil, Mariana Napolitano.

A meta de zerar o desmatamento amazônico até 2030 foi reiterada pelo presidente Lula na COP28. Entretanto, Lula também reconheceu em um de seus discursos no evento que a floresta também corre risco por causa das mudanças climáticas. E fez um apelo pela descarbonização da economia mundial, o que envolve a eliminação dos combustíveis fósseis.

A ameaça ao bioma amazônico além do desmatamento já vem sendo apontada há tempos pelo climatologista Carlos Nobre. Em entrevista à Agência Lusa, reproduzida pela Agência Brasil, o especialista chamou atenção novamente para a proximidade do ponto de não retorno da floresta, que assim pode se transformar numa savana.

“Estamos muito próximos desse ponto de não retorno porque em todo o sul da Amazônia a estação seca está muito mais longa, era de três a quatro meses e hoje está de quatro a cinco meses. Se chegar a de cinco a seis meses em duas décadas, já é um clima de savana tropical, do Cerrado, e não mais um clima da Amazônia.”

Nobre citou como exemplo da perda de vitalidade do bioma o fato de no sul do Pará e no norte de Mato Grosso a Floresta Amazônica já ter se tornado fonte de carbono. Ou seja, a vegetação – na verdade o que sobrou dela – emite mais dióxido de carbono do que o absorve.


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