Mombak fecha acordo com a Microsoft para fornecer créditos de remoção de carbono de seus projetos de recuperação florestal na Amazônia.

O mercado de carbono ainda gera mais dúvidas do que certezas em relação à sua efetividade em combater a crise climática e a devastação dos biomas. O ponto de partida para essa incerteza é que o mecanismo é visto tanto como uma ferramenta de desenvolvimento socioeconômico para projetos preservacionistas como uma “licença para poluir” para atividades econômicas insustentáveis e que, com créditos de carbono, tentam “zerar” suas emissões líquidas de gases de efeito estufa.

Entretanto, o acordo anunciado na COP28 entre a gigante da tecnologia Microsoft e a startup brasileira Mombak Gestora de Recursos traz uma importante diferença sobre o funcionamento “clássico” desse mercado. Em vez da manutenção da floresta em pé, a parceria se baseia na restauração de áreas desmatadas da Amazônia.

Com a entrega de o equivalente a até 1,5 milhão de créditos de carbono  até 2032, o contrato é um dos maiores de compra e venda de créditos de remoção baseados na natureza em todo o mundo. E o maior contrato de compra e venda do tipo da Microsoft por volume até o momento, destaca o Um só planeta.

A parceria vai permitir o plantio de 25 florestas em áreas desmatadas do Pará, que devem abrigar 30 milhões de árvores de mais de 100 espécies nativas do bioma, incluindo algumas ameaçadas de extinção, como cedro-rosa, castanheira, itaúba e mogno. O tamanho disso tudo – pouco mais de 28 mil hectares – equivale a 5 ilhas de Manhattan, em Nova York. Ou quase 180 Parques Ibirapuera, em São Paulo. 

Além de contribuir para a criação de florestas e o retorno da fauna, os projetos de reflorestamento geram empregos diretos e indiretos em Comunidades Tradicionais da Amazônia, por meio do plantio industrial e comercialização de produtos da bioeconomia, afirma Peter Fernandez, cofundador da Mombak. Ex-CEO da 99, ele fundou a empresa em 2021 com Gabriel Silva (ex-CFO da Nubank).

Desde então, mais de 1 milhão de árvores foram plantadas no Pará por meio do Fundo de Reflorestamento da Amazônia. E a demanda cada vez maior por mudas levou à criação de dois novos viveiros na região.

Os termos financeiros do acordo não foram divulgados, mas a Microsoft passou dois anos fazendo diligências e se aconselhando sobre o projeto antes de concordar em comprar créditos, explica a Bloomberg. “Tentamos construir os mercados onde compramos. Esperamos que este seja um modelo para o futuro. Queremos ver isso em jurisdições dentro e fora do Brasil”, disse Brian Marrs, diretor sênior de energia e remoção de carbono da gigante tecnológica.Nos três últimos anos fiscais, a Microsoft contratou a remoção de mais de 7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (tCO2) ao todo. A maior parte deles, quase 5 milhões de tCO2e, de soluções baseadas na natureza. Até então, informa o Capital Reset, o maior projeto do tipo era da Green Diamond Resource Company, para restaurar florestas nos Estados Unidos e gerar 830 mil créditos de carbono – quase metade do volume negociado com a Mombak.