Imagens impressionantes de satélites mostram os impactos da estiagem severa que assola a Amazônia nos rios da região. Recuperação deve ser lenta

As mudanças climáticas provocadas pelas emissões de gases de efeito estufa oriundas principalmente da queima de combustíveis fósseis e agravadas pelo desmatamento, estão fazendo da estação seca amazônica uma tragédia humana e ambiental, em meio a um El Niño poderoso.

A estiagem, habitual e esperada no chamado verão amazônico, entre julho e outubro, ganhou contornos dramáticos e é a mais severa dos últimos 40 anos, pelo menos. Milhões de pessoas vêm sendo afetadas pelo calor, pela falta de água e pela fumaça de queimadas criminosas. E a fauna também sofre, com notícias sobre mortandade de peixes e botos se tornando comuns.

É nos rios da Amazônia que a seca extrema deste ano se torna mais evidente. Na maior bacia hidrográfica do planeta, rios gigantes e caudalosos mesmo durante estiagens registraram baixas nunca antes vistas. O transporte hidroviário, principal meio de deslocamento dos amazônidas para passageiros, produtos e serviços, entrou em colapso. E o isolamento forçado impede comunidades de receber e comercializar alimentos.

O rio Negro na altura de Manaus, capital do Amazonas, é o maior símbolo dos efeitos da seca severa. O curso d’água registrou o nível mais baixo dos últimos 121 anos, chegando à cota de 12,70 metros. Em períodos de cheia, o Negro chega a atingir 29 metros.

E a estiagem vista do espaço produz imagens impressionantes, como captaram os satélites Copernicus Sentinel-2. O Copernicus, componente do Programa Espacial da União Europeia e responsável pelos satélites, divulgou duas imagens lado a lado do rio Negro: uma em novembro de 2022 e a segunda em novembro deste ano. As fotos evidenciam a queda no nível do rio, destaca o GZH.

Outras fotos, estas do programa Brasil Mais, mostram a velocidade com que diversos rios amazônicos desapareceram nesta seca, relata a Folha. O programa é do Ministério da Justiça e Segurança Pública e disponibiliza a instituições públicas imagens do sistema de satélites Planet por meio da plataforma SCCON – há quase 350 organizações cadastradas atualmente.

Os registros vão do fim de julho à primeira semana de outubro e mostram a formação de bancos de areia de até dois quilômetros de largura, além de cicatrizes deixadas por queimadas na Floresta Amazônica.

Um dos exemplos é Tefé, no Amazonas, que registrou 154 mortes de golfinhos em setembro e outubro. Para ribeirinhos, beber água ficou muito mais difícil, já que os igarapés viraram bancos de areia superaquecida. Moradores tiveram que carregar nos ombros galões e garrafas de água transportados desde a cidade.A reversão desse cenário depende de chuvas. As previsões, no entanto, apontam para precipitação abaixo da média, especialmente por causa do El Niño. Com a estiagem amazônica mais longa que o normal, os níveis de rios ainda seguem baixos, mesmo que tenham começado a subir nas últimas semanas.


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