Enquanto se discute origem da fumaça que invade Manaus, não se criam estratégias efetivas e permanentes de combate às queimadas na Amazônia

Novamente Manaus foi tomada por uma nuvem de fumaça que tornou péssima a qualidade do ar na capital do Amazonas. Não bastasse o calor e a seca extrema que fez o rio Negro chegar a seu menor nível em 121 anos, a cidade sofre com o resultado das queimadas criminosas na Amazônia. Sem falar numa atípica tempestade de areia que invadiu bairros manauaras no último domingo (5/11).

Neste início de novembro, por cinco dias consecutivos, a capital do Amazonas, com mais de 2 milhões de habitantes, ficou encoberta por fumaça. A onda de fumaça neste começo de mês é similar a outras duas ocorridas em outubro, ou a dias esporádicos inteiros com horizonte cinza, ar irrespirável, impregnação de cheiro de queimado nas roupas e nos objetos e efeitos nocivos no organismo, especialmente de quem tem problemas respiratórios, destaca a Folha.

A poluição atmosférica está tão intensa que a população de Manaus voltou a usar máscaras, lembrando a época da COVID-19. É o caso da estudante Raely Cardoso, de 25 anos, que estuda em Manaus e mora em Manacapuru, na região metropolitana. Asmática, ela contou ao Estadão que passou a utilizar máscara para tentar amenizar os sintomas. Já chegou a colocar duas, uma por cima da outra. 

“O uso de máscara tem ajudado em alguns momentos e em outros parece não adiantar. A sensação é de constante sufocamento, com ou sem máscara”, desabafou.

A fumaça sufocante, já se sabe, é proveniente de queimadas criminosas em áreas desmatadas da Floresta Amazônica. Entretanto, os poderes públicos locais, em vez de se unirem em uma estratégia conjunta para evitar a origem do problema – o fogo criminoso –, têm se preocupado mais em se acusarem pela origem da fumaça.

A Prefeitura de Manaus, por exemplo, já disse que os incêndios criminosos que provocam a poluição do ar não são na cidade, mas nos municípios da região metropolitana. O governo do estado, por sua vez, já disse que a fumaça que invadiu a capital era proveniente de fogo também em Manaus.

Recentemente, surgiu uma outro acusado de ser a origem da nuvem tóxica manauara: o Pará. Imagens de satélite do INPE mostram uma influência significativa de queimadas em território paraense próximo à região do Baixo Amazonas na intensificação da fumaça sobre a capital amazonense desde o final de outubro, destacam Guilherme Amado, no Metrópoles, e o g1.

O governo paraense questiona. Mas imagens do satélite GOES-16, fornecidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, sigla em inglês), mostram que o fluxo de ventos tem transportado partículas em suspensão para a Região Metropolitana de Manaus.

Em terra, as queimadas continuam castigando uma Amazônia já marcada por uma seca histórica resultante de mudanças climáticas e El Niño. Seja no Amazonas, no Pará ou em outros estados da região.


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