Mais de 10 mil estruturas monumentais, construídas pelos indígenas da Amazônia antes da chegada dos europeus, esperam estudos arqueológicos, aponta pesquisa

Não há dúvida de que a história dos Povos Originários da Amazônia começa muito antes da chegada dos europeus nas Américas, e que essa história é repleta de conhecimentos e saberes que garantiram a indígenas da região viver – e bem – em um ambiente desafiador ao ser humano como o da Floresta Amazônica. ExemploEste conteúdo pode ser republicado livremente em versão online ou impressa. Por favor, mencione a origem do material. Alertamos, no entanto, que muitas das matérias por nós comentadas têm republicação restrita.Aqui você encontra notícias e informações sobre estudos e pesquisas relacionados à questão do desmatamento. O conteúdo é produzido pela equipe do Instituto ClimaInfo especialmente para o PlenaMata.Se você gostou dessa nota, clique aqui e assine a Newsletter PlenaMata para receber o boletim completo diário em seu e-mail.

disso é a “Terra Preta”, solo superfértil que era produzido intencionalmente pelos Povos Amazônicos antigos, muito antes de os brancos pisarem no território.

Mas há muito mais riquezas produzidas há séculos, até mesmo milênios, pelos Povos Indígenas da Amazônia que ainda são completamente desconhecidas. Segundo um estudo publicado na Science, feito a partir de dados de sensoriamento remoto, há mais de 10 mil estruturas monumentais construídas pelos indígenas da região antes da chegada dos europeus que ainda estão à espera de estudos arqueológicos.

Se a estimativa se confirmar, será mais uma prova de que a Amazônia abrigava uma malha de sociedades complexas e populosas ainda maior do que a que se imaginava até agora, destaca a Folha. Afinal, pesquisas arqueológicas nas últimas décadas já revelaram uma imagem muito diferente da Amazônia supostamente quase vazia e intocada que ainda habita o imaginário de muitas pessoas.

Monumentos e estruturas feitos sobretudo com terra batida e matéria-prima vegetal – tais como estradas largas com vários quilômetros de extensão, morros artificiais, valas, muralhas em vilas fortificadas e represas – têm sido mapeados em diversos trechos da região, como o Acre, o Alto Xingu, o Amapá e a ilha de Marajó. A maioria deles parece ter sido construída a partir de 2.000 anos atrás. E em muitos casos só pôde ser mapeada porque o desmatamento das últimas décadas os “revelou”.

Coordenada por pesquisadores do INPE, a pesquisa valeu-se de uma técnica que “limpa” digitalmente a mata que ainda está de pé para enxergar o que está debaixo dela. Os cientistas usaram o chamado LIDAR (sigla inglesa de “detecção e alcance de luz”), que pode ser comparado a uma espécie de radar que usa laser em vez de ondas de rádio.

O princípio do LIDAR é simples: acima da superfície, disparam-se pulsos de laser, que são rebatidos pelas estruturas que estão no solo, como se fossem ecos. Os padrões de rebatimento da luz são diferentes dependendo da altura das estruturas no solo, o que ajuda a criar uma espécie de mapa 3D do chão, mesmo se ele estiver coberto pela floresta.

A equipe estava usando a técnica originalmente para estimar a biomassa em trechos da Floresta Amazônica que somavam 5.315 km2 – apenas 0,08% da área total da região. Entretanto, a tecnologia também revelou 24 estruturas monumentais em quatro sub-regiões diferentes. Entre elas estavam uma vila fortificada no Alto Xingu; grandes desenhos retangulares e circulares no solo, conhecidos como geoglifos, no sudoeste amazônico; e até estruturas megalíticas – feitas com grandes pedras, como a célebre Stonehenge, no Reino Unido – no chamado escudo das Guianas.

Se o número de novos monumentos revelado pelo LIDAR apenas nesse trecho ínfimo de território amazônico fosse extrapolado para toda a região, haveria mais de 40 mil estruturas ainda desconhecidas por lá. Os pesquisadores, porém, usaram métodos estatísticos para tentar produzir uma estimativa mais refinada, levando em conta as características das regiões já sabidamente repletas dessas intervenções humanas, como características do solo, do clima e da vegetação, bem como a presença de rios nas proximidades. Com base nisso, chegaram a números mais modestos, mas ainda impressionantes: entre 10,3 mil e 23,6 mil estruturas monumentais desconhecidas ainda existiriam na Amazônia.


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