Especialistas já preveem que região amazônica sofrerá este ano a pior estiagem de todos os tempos, o que piora as queimadas, que cresceram no Amazonas

O verão amazônico, entre agosto e outubro, é marcado pela estiagem. Entretanto, a seca que vem atingindo a região neste ano está prestes a se tornar a pior da história amazônica. Com menos chuva do que o habitual e rios baixando mais e de forma mais acelerada do que o “normal”, o cenário se torna perfeito para aumentar as queimadas e dificultar o combate ao fogo em partes da Floresta Amazônica.

Até 29 de setembro, o estado do Amazonas tinha registrado 6.991 focos de queimadas, de acordo com dados do “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Com isso, o mês passado foi o segundo pior setembro da série histórica no estado, iniciada em 1998 – somente setembro de 2022 registrou mais queimadas, com 8.659 focos, informa o Poder 360. Além disso, foi o pior resultado do ano de 2023 até o momento.

Apesar da escalada do fogo no Amazonas, também registrada no Amapá e em Roraima, o número de queimadas no bioma amazônico foi menor em setembro deste ano do que a média do mês. Foram registrados 25.414 focos nos estados da Amazônia Legal no mês passado, número abaixo da média, de 32.477, detalha o g1.  

Contudo, diante do agravamento da estiagem, a preocupação com o fogo aumenta. Assim como a busca por explicações para o fenômeno extremo.

O El Niño tem peso na seca incomum. Mas a ele se soma o aquecimento incomum das águas do Oceano Atlântico. Junte-se a isso as mudanças climáticas e a “falta de tempestade perfeita” está armada sobre o território amazônico.

Segundo previsão do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), a seca severa pode bater recorde e se estender até janeiro, destaca o g1. A situação de diversos rios estratégicos para a região está cada vez mais crítica, com vazões abaixo da média histórica. Situação que já vem causando sérios problemas para comunidades, com falta de água e alimentos e dificuldade de locomoção, já que o transporte hidroviário domina a região amazônica.

“É possível que essa situação de seca se agrave até dezembro ou janeiro e comece a enfraquecer a partir do mês de março ou abril de 2024”, explica Ana Paula Cunha, pesquisadora do CEMADEN na área de secas e agrometeorologia.

Entretanto, para alguns cientistas a situação pode ser ainda pior, com a estiagem se estendendo até o fim do primeiro semestre de 2024. Além de agravar a tragédia humana e ambiental que já atinge a Amazônia, a extensão da seca pode se refletir em outras partes do país, alterando o clima nas demais regiões brasileiras, segundo O Globo.

“Em especial, a seca na Bacia do Rio Madeira [em Rondônia] deve piorar em virtude do Atlântico Tropical Norte estar muito quente. Ou seja, lá não é o El Niño, que ainda está no início. Tudo indica que será uma situação semelhante ou até pior do que em 2005 no Sudoeste da Amazônia”, destaca Gilvan Sampaio, coordenador geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).O Atlântico superaquecido também foi a causa da devastadora seca de 2005, uma das piores registradas na Amazônia, só superada pela de 2010. Porém, 2005 não foi um ano de El Niño, e em 2010 o Atlântico não estava tão quente quanto agora, diz Sampaio. Por isso, este ano, com a combinação dos dois oceanos aquecidos (Atlântico e Pacífico), a tendência é de uma seca generalizada no bioma.


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