Satélites auxiliam MPF a reforçar sua atuação na Amazônia e fornecem dados para pesquisa que monitora riscos aos botos cor-de-rosa, ameaçados de extinção

A Floresta Amazônica é um continente. Com seus 6,7 milhões de km2, a Amazônia, se fosse um país, seria a sétima maior nação do mundo, com área  equivalente a duas vezes o tamanho da Índia. Essa extensão gigantesca mostra a importância do bioma para o equilíbrio climático do planeta, ao mesmo tempo que amplia as dificuldades de preservação e combate a crimes ambientais na região.

Parte da solução para esse desafio vem do céu. Mais precisamente, de satélites que são utilizados para diversas aplicações. A mais notória delas é o monitoramento do desmatamento, como os feitos pelo sistema DETER, do INPE, e pelo Imazon. Mas as “máquinas espaciais” são também usadas para outros fins, como o acesso à internet.

Para reforçar sua atuação na região amazônica, o Ministério Público Federal (MPF) adquiriu recentemente equipamentos de internet via satélite. O objetivo do órgão é otimizar seu trabalho de campo em locais de difícil acesso e ampliar a proteção ao meio ambiente e aos Povos Originários, destaca o Conjur.

O MPF utilizará o serviço Starlink, que permite a comunicação em área sem cobertura de telefonia móvel, por meio de satélites de baixa órbita. Com a ferramenta, contatos que antes levavam dias poderão ser feitos de modo instantâneo.

O serviço foi testado durante diligência nas Terras Indígenas Koatinemo, Arawete e Apyterewa, no Pará, no âmbito do processo que avalia os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, em comunidades de Povos Indígenas da região.

“A atuação do MPF ganha em eficiência, com a possibilidade do contato direto com os locais remotos, facilitando o recebimento de denúncias, a realização de diligências, aproximando ainda mais o Ministério Público do cidadão”, explica o procurador-chefe do MPF no Pará, Felipe Palha.

Foi também com auxílio de um satélite que pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da organização de conservação Pro Delphinus, do Peru, realizaram um estudo observacional de golfinhos da espécie Inia geoffrensis – os famosos botos-cor-de-rosa – na Amazônia peruana. Os cientistas rastrearam oito botos e concluíram que os animais estão ameaçados por barragens, dragagem e pesca.

A pesquisa foi publicada no periódico Oryx e aponta que, em média, 89% da área em que os botos vivem é usada para pesca. Além disso, relatam o Um só planeta e o Gizmodo, os mamíferos foram encontrados a cerca de 252 km de uma barragem e a 125 km de um local de dragagem.

As distâncias são significativas, mas o problema é que as áreas em que os golfinhos vivem abrangem mais de 50 km em média, e barragens e dragagens podem afetar grandes extensões de habitats fluviais. Além disso, o estudo alerta que muitos botos da Amazônia vivem ainda mais perto desses locais com atividade humana do que os sete machos e a fêmea acompanhados pelos pesquisadores. Por isso, o risco é potencialmente maior à espécie, que já figura na lista das ameaçadas de extinção.

A construção de barragens, principalmente no Brasil, é uma ameaça à expansão da espécie. Atualmente, há 175 delas em operação ou em construção na Bacia Amazônica, e mais de 428 estão planejadas para os próximos 30 anos. Além disso, o projeto para a Hidrovia Amazônica foi aprovado.

“Está claro que o boto do rio Amazonas está enfrentando ameaças crescentes de humanos. A pesca pode esgotar as presas dos botos, e eles também correm o risco de morte intencional e captura acidental”, disse a pesquisadora Elizabeth Campbell.

Nos últimos 30 anos, de acordo com Campbell, a captura acidental tem sido uma ameaça para os botos. Entretanto, não existem dados precisos sobre quantos são capturados por ano.


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