Projeto conjunto do Brasil e do Reino Unido, AmazonFACE recebe R$ 77 milhões para medir resistência da Floresta Amazônica às mudanças climáticas. E a milhares de quilômetros de distância, São Paulo sofre com as queimadas no bioma

No coração da Floresta Amazônica, a cerca de 80 km ao norte de Manaus, uma torre metálica de mais de 35 metros de altura se destaca entre as copas das árvores. Em torno dessa estrutura, vão ser erguidas 16 torres de alumínio, dispostas em forma de anel, para “bombear” dióxido de carbono, em um experimento sobre o futuro do planeta.

Trata-se do AmazonFACE, projeto que está sendo implantado para avaliar como ficará a floresta diante do avanço das emissões de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas já sentidas no mundo. A iniciativa é uma parceria entre os governos do Brasil e do Reino Unido e já recebeu cerca de R$ 77 milhões. O aporte mais recente ocorreu semana passada, quando o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, em visita ao local, anunciou que seu país vai investir cerca de R$ 12,3 milhões no projeto.

“Uma das perguntas mais importantes [do AmazonFACE] é como a floresta vai reagir em um mundo com mais carbono na atmosfera. Esse gás é ‘alimento’ para as plantas. Queremos saber se o excesso de CO₂ vai favorecê-las e se elas vão ficar mais fortes ou não para enfrentar as mudanças climáticas que vêm pela frente”, explica Carlos Alberto Quesada, do INPA, um dos coordenadores do programa.

A hipótese de que as plantas poderiam ter vantagem em uma atmosfera turbinada de CO₂ se chama “fertilização de carbono”. Se o fenômeno for confirmado, poderá ser o “fiel da balança” sobre a contribuição da Amazônia para a absorção deste gás de efeito estufa.

A tecnologia FACE (Free Air Carbon Dioxide Enrichment) já foi utilizada em florestas da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, mas nunca em uma floresta tropical. Assim, até 2024, haverá seis “anéis de carbono” bombeando este gás em uma concentração entre 40% e 50% superior à atual. Durante dez anos, os pesquisadores vão analisar os processos que ocorrem nas folhas, raízes, solo, ciclos da água e nutrientes, explica o Estadão.

Se o AmazonFACE quer saber como a Floresta Amazônica vai reagir a mais gás carbônico na atmosfera, outra pesquisa mostra que os incêndios florestais que ocorrem na Amazônia hoje pioram a qualidade do ar em São Paulo, a maior cidade do país, a milhares de quilômetros de distância. Os particulados presentes na fumaça dos incêndios florestais da Amazônia e do Pantanal, assim como de queimadas em fazendas de cana-de-açúcar do interior de São Paulo, são transportados por correntes atmosféricas e aumentam a poluição na capital paulista, aponta a Veja.

O estudo é uma parceria de USP, Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN) e Instituto Astronômico e Geofísico (IAG). Os cientistas utilizaram modelos de computador para rastrear o caminho percorrido pela fumaça. Com isso, foi possível analisar a direção que os isótopos de carbono tomavam ao atingir a alta atmosfera.

O levantamento apontou que após grandes incêndios, a concentração de gases do efeito estufa como o CO₂ aumenta dramaticamente na região metropolitana de São Paulo. Problema que vem se agravando nos últimos anos, como resultado do avanço da destruição da Amazônia


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