Os R$ 500 milhões prometidos pelo governo britânico para o fundo devem ser usados na demarcação de Terras Indígenas e no combate ao desmatamento. As ações do governo no combate à ilegalidade na região já estão dando resultado, mas é preciso iniciar já a recuperação da Floresta Amazônica, diz especialista

De sua viagem ao Reino Unido para a coroação do rei Charles III, no fim de semana, o presidente Lula trouxe uma promessa do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak: uma contribuição ao Fundo Amazônia de 80 milhões de libras – cerca de R$ 500 milhões. O anúncio foi destaque na imprensa, incluindo Correio Braziliense, Agência Brasil, Bloomberg e Reuters. Segundo Lula, “a primeira coisa que o rei Charles III me disse foi para cuidar da Amazônia”.

A doação britânica é animadora. Afinal, após quatro anos de paralisia, o Fundo Amazônia foi reativado pelo atual governo, que vem “passando o pires” entre os países mais ricos para obter mais recursos para a iniciativa. Recentemente os Estados Unidos anunciaram a intenção de contribuir com US$ 500 milhões para o fundo. E agora, a União Europeia dá sinais de que também vai injetar recursos, destaca o Valor, além do financiamento já feito por Noruega e Alemanha.

Segundo o g1, o dinheiro do Reino Unido já tem destino certo dentro do Fundo. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pretende usar os recursos na proteção indígena e no combate ao desmatamento.

Marina sinalizou que a contribuição britânica será aplicada na demarcação de Terras Indígenas – uma demanda urgente dos Povos Originários e que foi retomada em abril, após cinco anos, com a homologação de seis territórios. Além disso, os recursos vão ser usados para garantir a segurança alimentar dos Povos Indígenas e para ações de desintrusão e combate ao garimpo e desmatamento ilegais.

Enquanto os recursos adicionais não chegam, o governo continua atuando para combater as ilegalidades na Amazônia, e alguns resultados positivos já estão aparecendo. Um deles é a queda de 41% do desmatamento na região no período de janeiro a abril deste ano, na comparação com igual período de 2022, informa o Valor.

Outro dado favorável foi o aumento de 287% em autos de infração na Amazônia nesse mesmo período, em comparação com a média de janeiro a abril nos quatro anos anteriores. Além disso, houve aumento de 210% na “apreensão de produtos oriundos de infrações ambientais” e de 216% em “embargos de uso de área desmatada ilegalmente”, informa o UOL.

Apesar das boas notícias, o combate ao desmatamento da Floresta Amazônica precisa ser intensificado de forma urgente e combinado com a recuperação. Em entrevista ao Valor, o climatologista Carlos Nobre reforça que a devastação já levou a região “à beira do abismo” e, além de conter a destruição, é preciso iniciar já o reflorestamento.

Nobre destaca a necessidade imediata de um grande processo de restauração no sul da Floresta Amazônica e na porção dos Andes. Esse corredor verde teria 500.000 km2 e viria em dois arcos, da Colômbia, Peru e Bolívia, passando pelo sul da Amazônia brasileira e chegando ao Maranhão, num investimento de US$ 20 bilhões.

“Se tivermos sucesso de zerar o desmatamento e a degradação e criar esse projeto de restauração florestal, teríamos grande probabilidade, na minha avaliação, de salvar a Amazônia”, diz o especialista.


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