Intensificação das ações do governo reforça êxodo dos garimpeiros do território indígena em Roraima

A presença de equipes do IBAMA, da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para retirada de invasores não indígenas, está forçando políticos locais favoráveis ao garimpo a defender a saída voluntária dessas pessoas.

Em entrevista à Agência Pública, um representante do Movimento Garimpo Livre, Jailson Reis de Mesquita, confirmou que o grupo está orientando os garimpeiros a seguir as recomendações do governo federal e a deixar o território Yanomami antes do dia 6 de abril, quando o espaço aéreo sobre a região será efetivamente fechado pela Aeronáutica.

“Nosso pedido é que todos saiam [do território indígena], até para evitar qualquer tipo de conflito, de confronto”, disse Mesquita, que também é assessor parlamentar na Assembleia Legislativa de Roraima. Ele também pediu ajuda às autoridades federais e ao governo do estado para a saída dos garimpeiros, que ainda sofrem com os preços inflacionados dos voos de saída da reserva.

Desde o mês passado, quando iniciou as ações de desintrusão na Terra Yanomami, o IBAMA fechou 108 acampamentos ilegais dentro do território, de acordo com levantamento divulgado pela Folha de Boa Vista. Outras sete estruturas de apoio logístico foram destruídas, e dois portos, usados para embarque e desembarque de pessoas e insumos, foram inutilizados.

Além da retirada dos garimpeiros, o governo federal também quer identificar os financiadores e os beneficiários da atividade criminosa na Terra Yanomami e em outros territórios indígenas no Brasil. Para a ambientalista Joci Aguiar, coordenadora executiva do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), esta é a única maneira que o poder público tem para garantir que o garimpo não voltará a assolar as aldeias Yanomami.

“Sem prender essas pessoas graúdas, a extração ilegal continuará, os rios continuarão sendo contaminados, as pessoas continuarão morrendo e nossos parentes continuarão em perigo. O governo tem de ter a coragem de chegar aos verdadeiros donos do garimpo ilegal. Este será seu principal desafio”, afirmou Joci à revista CartaCapital.

Em paralelo, o governo federal também iniciou a última etapa do Censo 2022 no território Yanomami. A partir desta semana, as equipes do IBGE visitarão 169 aldeias indígenas em Amazonas e Roraima para levantar informações atualizadas sobre a população indígena. A Agência Brasil deu mais informações.

O levantamento deveria ter acontecido no ano passado, mas, como lembrou Míriam Leitão, no jornal O Globo, o Ministério da Saúde do governo do ex-presidente Bolsonaro se recusou a emprestar um helicóptero para transportar os recenseadores.


Este conteúdo pode ser republicado livremente em versão online ou impressa. Por favor, mencione a origem do material. Alertamos, no entanto, que muitas das matérias por nós comentadas têm republicação restrita.

Aqui você encontra notícias e informações sobre estudos e pesquisas relacionados à questão do desmatamento. O conteúdo é produzido pela equipe do Instituto ClimaInfo especialmente para o PlenaMata.

Se você gostou dessa nota, clique aqui e assine a Newsletter PlenaMata para receber o boletim completo diário em seu e-mail.