Rodrigo Agostinho afirma que as operações feitas em Roraima também vão se estender para outras Terras Indígenas

Por questões burocráticas, o ex-deputado federal Rodrigo Agostinho ainda não é oficialmente presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Mas muito do que a equipe ligada ao órgão fez nas últimas semanas na Terra Indígena Yanomami já foi coordenado por ele.

À Folha, o futuro presidente do IBAMA afirmou que as ações feitas nos últimos dias vão se espalhar por outras áreas do território nacional. “Tenho orçamento para continuar presente por lá [na Terra Indígena Yanomami] por bastante tempo. Estamos começando a organizar operações também em outras Terras Indígenas com problemas parecidos com garimpo, extração de madeira e biopirataria. O que for ilegal será combatido”, assegurou.

Como o histórico das operações governamentais na região é de movimentações pontuais, parte dos garimpeiros que atuam de forma ilegal em área Yanomami está apostando nisso mais uma vez. No fim de semana, o fluxo de embarcações com comida e óleo diesel para alimentar atividades criminosas de garimpeiros continuava.

Mas, segundo Agostinho, o governo não vai ficar “enxugando gelo”. Um dos grandes objetivos é chegar aos financiadores das atividades para estancá-las.

O repórter Leanderson Lima, do Amazônia Real, realizou uma entrevista com Jair Schmitt, funcionário de carreira há mais de 20 anos e presidente interino do IBAMA. Ele reportou sobre o atual “clima” dentro do Instituto, mostrando que existe até uma euforia entre seus funcionários. É como se o órgão tivesse voltado à ativa, depois de um longo período de hibernação.

“O IBAMA voltou, de fato, depois de alguns anos em momentos difíceis de trabalho. Esse é um momento de muita empolgação e motivação de toda a equipe. O IBAMA voltou nos seus trabalhos de proteção ambiental, combate aos ilícitos, de proteção das Terras Indígenas, então, é um momento bastante comemorado aqui pelos servidores, e isso reflete no trabalho e na entrega para sociedade”, disse Schmitt à reportagem.

Para ele, é difícil mensurar o impacto dos quatro anos de governo Bolsonaro dentro do órgão. “De maneira geral, o que a gestão anterior promoveu na instituição, primeiro, foi uma desmotivação geral. O clima organizacional era terrível. Os servidores muitas vezes eram impedidos de trabalhar ou quando trabalhavam acabavam sendo perseguidos, muitas vezes até punidos injustamente por exercerem o seu dever de ofício. Foram tempos difíceis. Bons gestores foram exonerados de seus postos de trabalho e, na prática, quem perde é a sociedade como um todo, porque se o IBAMA não trabalha, não atua, você tem crimes ambientais”, analisou.

O desafio atual, no interior de Roraima, é significativo para mostrar o poder de ação das equipes do Instituto, que devem ser ampliadas por meio de concursos públicos a serem realizados ainda este ano.

Depois de vários dias de ações para desmantelar o garimpo, o grande ponto agora é fazer com que os invasores não se instalem novamente, em grande número, em territórios indígenas. “A estratégia geral é neutralizar, apreender e destruir a infraestrutura usada para cometimento do garimpo ilegal. E, ao mesmo tempo, impedir que suprimentos sejam levados até eles, como combustível, comida, equipamentos, os elementos logísticos que dão suporte ao funcionamento do garimpo”, explicou Schmitt à Deutsche Welle.


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