Nesta semana, agentes do IBAMA destruíram veículos usados pelos milhares de garimpeiros que operam ilegalmente na reserva

Começou. Uma operação deflagrada nesta semana por equipes de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e da Força Nacional, está combatendo o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami para assegurar a retomada do território, como mostra a Agência Pública.

De acordo com informações da Folha, as ações tiveram início na segunda-feira (6). Funcionários do IBAMA destruíram um helicóptero, um avião, um trator, além de estruturas que garantiam a logística do garimpo ilegal.

Houve, ainda, a apreensão de duas armas e de três barcos que transportavam combustíveis e alimentos. Além de gasolina e diesel, os fiscais também encontraram uma tonelada de alimentos estocada em freezers. Enquanto isso, centenas de Yanomamis ainda lutam pela vida, devido a doenças, desnutrição e fome, na crise humanitária sem precedentes que assola a reserva.

Na operação, foram encontrados, ainda, geradores, que serão usados para o funcionamento das novas bases de fiscalização. A FUNAI e os próprios indígenas também vão ajudar na logística das próximas ações.

Ainda de acordo com a reportagem, uma base de controle foi instalada em um ponto nevrálgico às margens do rio Uraricoera, que consiste na principal rota de fuga usada por garimpeiros após o início das ações do governo federal na região. O rio também foi estratégico para a chegada dos mais de 20 mil garimpeiros que invadiram a Terra Indígena para a exploração de ouro e cassiterita, principalmente nos quatro anos do governo Bolsonaro.

Além da destruição de infraestrutura e de veículos de transporte usados em atividades ilegais, a preocupação dos responsáveis pela operação é evitar que milhares de invasores voltem a se estabelecer na TI.

Informação do Estadão mostra que, além de uma base de bloqueio instalada na principal rota fluvial da região, outros lugares também vão receber bases de apoio nos próximos dias.

Outra ação importante envolve o controle do espaço aéreo, trabalho que vem sendo realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB). O diagnóstico do governo mostra que o garimpo só progrediu na TI Yanomami devido à grande quantidade de pistas e voos clandestinos. “Temos 840 pistas clandestinas, só perto das Terras Yanomami são 75. Não é possível não enxergar isso. Quem permitiu isso tem de ser responsabilizado”, escreveu o presidente Lula, no Twitter.

Na segunda-feira, a FAB anunciou a abertura parcial do espaço aéreo nas Terras Indígenas Yanomami, por uma semana, com a criação de três corredores de voo para viabilizar a saída voluntária de garimpeiros da região.

A tragédia humanitária envolvendo o Povo Yanomami mobiliza o país desde o último dia 20 de janeiro. No dia seguinte (21), o presidente Lula esteve na TI, acompanhado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

O  Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional para a situação vivida pelo Povo Yanomami. Desde então, mais de mil indígenas foram resgatados.

Se, antes, o garimpo dominava de forma absoluta o território e sufocava os mais de 30 mil indígenas, com violência, contaminação das águas e do solo, insegurança alimentar, desnutrição e fome, doenças e falta de acesso a recursos básicos de saúde, agora, com a presença do Estado, são as operações do garimpo que começam a ser estranguladas. O desafio é enorme.

Embora o conflito entre indígenas e garimpeiros na TI seja bastante antigo, como lembra esse editorial do Estadão, é fundamental avançar nas investigações contra as omissões do governo Bolsonaro, que poderá ser responsabilizado por genócidio indígena na Amazônia.

Reportagem do The Intercept Brasil evidenciou como o governo anterior virou as costas não apenas para os indígenas, mas para toda a preservação ambiental. O texto revela que o governo Bolsonaro, por meio de uma política direcionada do Ministério do Meio Ambiente, abriu mão de defender 8 milhões de hectares na Amazônia, Pantanal e Cerrado.


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