Levantamento do MapBiomas aponta crescimento de 14% nos incêndios florestais no ano passado, sendo Amazônia e Cerrado os biomas mais atingidos

Dados do Monitor do Fogo divulgados pelo MapBiomas e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) na última sexta-feira (27), indicam que a área atingida por incêndios florestais de janeiro a dezembro de 2022 deixou cicatrizes das chamas em 16,3 milhões de hectares (ou 163 quilômetros quadrados) pelo país, como mostra o Metrópoles. Isso equivale a uma área superior à do estado do Acre (152,6 quilômetros quadrados), que ocupa cerca de 2% do território nacional. Um Suriname inteiro queimado. A destruição foi 14% superior à de 2021.

Revista Galileu destacou que 95% das áreas queimadas estão localizadas na Amazônia e no Cerrado. A floresta amazônica foi a mais impactada, seguida por incêndios concentrados em regiões campestres e de savana (43%), típicas do Cerrado, e também em pastagens (25,4%), como apontou a Folha.

Só em dezembro, no apagar das luzes do governo Bolsonaro, a área incendiada foi 93% maior do que no mesmo período do ano anterior – 332,7 mil hectares, em 2022, ante 174,8 mil hectares, em 2021. A floresta amazônica registrou 85% dos incêndios florestais no último mês de 2022.

“Em condições naturais, isso [incêndios florestais na Amazônia] não deveria estar acontecendo, o que indica um claro impacto da ação humana no aumento do fogo e da degradação dessas florestas”, disse Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo, em nota destacada também pela Folha.

“O fogo na Amazônia está diretamente relacionado ao desmatamento no bioma, pois a prática do uso do fogo é frequentemente utilizada para remover a vegetação densa e preparar o solo para atividades agrícolas ou pecuárias”, explicou o pesquisador do IPAM,  Luiz Felipe Martenexen, ao Metrópoles.

Investir em ações efetivas de combate ao fogo e ao desmatamento torna-se urgente já nos primeiros meses do atual governo, que está lidando com o desafio de manejar o cobertor curto do orçamento aprovado pela gestão anterior para o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Em contrapartida, um apoio financeiro adicional de R$ 1,27 bilhão (203 milhões de Euros) para ações ambientais no Brasil foi anunciado pelo governo alemão na segunda-feira (30), como reportou o UOL.

Parte dos recursos (R$ 194,4 milhões) vai incrementar o Fundo Amazônia, que já tem R$ 3,3 bilhões em caixa, e outra parte será dividida em ações de reflorestamento, de proteção florestal e bioeconomia, de Direitos Humanos e de energias renováveis.

Ainda de acordo com o UOL, o governo anunciou que vai investir recursos do Fundo Amazônia para apoiar o Povo Yanomami, que atravessa uma tragédia humanitária. Segundo a ministra Marina Silva, “a aplicação do dinheiro vai ser feita até que o plano de prevenção e controle do desmatamento do governo federal seja estruturado”.

Em entrevista ao InfoAmazonia, Joênia Wapichana, que tomará posse como presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) na próxima sexta-feira (3), o órgão contará também com recursos do Fundo Amazônia para a proteção dos direitos dos Povos Indígenas.


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