Cartas aos candidatos à presidência oferecem um trilho para recolocar o país na rota

O Brasil tem tudo para ser uma potência em energia verde, seja a partir do sol, do vento ou até na produção do hidrogênio verde. Além do potencial gigantesco do Nordeste, por causa da sua geografia privilegiada, até mesmo o estado de São Paulo, como mostra essa reportagem do Valor, quer investir na produção de combustíveis ambientalmente revolucionários.

Mas não adianta tentar tapar o Sol com a peneira como vem fazendo o atual governo federal. Fica claro, em documentos recentes, emitidos tanto por ONGs internacionais quanto por líderes brasileiros voltados para o tema socioambiental que para ser uma potência verde, o Brasil precisa fazer várias lições de casa. E a principal delas é reduzir o desmatamento de seus biomas, algo que parece ser irrelevante para o atual governo. Além de proteger a biodiversidade, por meio de Unidades de Conservação bem estruturadas e, ainda, assegurar aos Povos Tradicionais uma vida digna. O que não passa nem perto das intenções do governo Bolsonaro que faz questão de bradar aos quatro cantos que não fez e não vai fazer a demarcação de nenhum centímetro de Terra Indígena.

Essa sinalização, inclusive, facilitou a entrada de facções criminosas na floresta, como revela uma série de reportagens que começaram a ser publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo. No Acre, por exemplo, como revelam os repórteres Vinicius Sassine e Lalo de Almeida, jovens de aldeias do Povo Jaminawas estão sendo cooptados pelas maiores facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

A carta que acaba de ser publicada por 12 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central de diferentes governos também vai direto ao ponto. “A sustentabilidade ambiental é vital para o crescimento harmônico e inclusivo da economia brasileira e para alavancar as vantagens do país na corrida mundial para chegar a emissões líquidas zero de carbono, sendo a ação do Estado de forma horizontal e com adequada regulação cada vez mais relevante para a realização desse potencial”, diz um trecho da carta, endereçada aos presidenciáveis, divulgada pelo jornal O Globo.

De acordo com o grupo, as condições indispensáveis para que o Brasil consiga entrar nos trilhos do sucesso socioambiental são: zerar o desmatamento da Amazônia, aproveitar as vantagens comparativas, “avançando para economia de carbono zero”, aumentar a capacidade do país para enfrentar os impactos do aquecimento global e impulsionar a pesquisa e a inovação para explorar a “floresta em pé”, a bioeconomia.

A redução do desmatamento e a demarcação de Terras Indígenas também aparece como políticas prioritárias em um documento internacional, emitido pela Global Citizen e outras organizações, como a Re:wild, fundada por cientistas e pelo ator Leonardo DiCaprio.

O documento divulgado pelo Valor também é endereçado aos candidatos à Presidência do Brasil. Os grupos ambientais solicitam que todas as chapas assumam compromissos públicos de que, depois de eleitos, farão um esforço para que uma agenda social e ambiental seja, de fato, implementada no país.

Um dos problemas, neste caso, – e o discurso do presidente Bolsonaro na ONU, nesta terça, tende a mostrar isso –, é que existem candidatos que não fazem, ou não querem fazer, a menor ideia do que vem a ser uma potência verde.


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