Candidatos a legislativo e executivo dos estados da região Norte ajustam seus discursos sobre a Amazônia para atender ao eleitorado

Reportagens sobre política local produzidas pelo site ((o))eco revelam que a pauta ambiental da Amazônia ainda continua distorcida na disputa eleitoral daquela região. A falsa dicotomia entre desenvolver ou preservar a floresta ainda prevalece na corrida por votos. Um exemplo é o discurso do outra vez candidato ao governo de Rondônia, Ivo Cassol, conhecido por sua visão antiambiental. Apesar de bem posicionado nas pesquisas, o político está com sua candidatura sub judice. Depois de 20 anos da sua primeira eleição, e de ser considerado um péssimo político para a proteção da floresta, quer voltar ao posto máximo do governo estadual pelo PP.

No Acre, como mostra o repórter Fabio Pontes, até mesmo o petista Jorge Viana está assumindo um discurso mais moderado e alinhado a um contexto conservador, na tentativa de voltar ao cargo de governador, após resultados desastrosos em pleitos anteriores. Na sua primeira passagem pelo comando do Acre, chegou a intitular sua gestão como “governo da floresta” e implementou ações de desenvolvimento da economia de base florestal nos moldes defendidos pelos movimentos de seringueiros liderados por Chico Mendes nos anos 1980, agora fala em agronegócio sustentável, como aponta o repórter Fabio Pontes.

A ex-ministra Marina Silva, também acreana e conectada ao movimento de Chico Mendes, é candidata à Câmara dos Deputados por São Paulo. Em entrevista à repórter Ana Carolina Amaral, na Folha de S.Paulo, Marina justificou a pauta ambiental como sua motivação para voltar ao legislativo federal. “Em 2023, nós vamos ter que fazer uma espécie de reconstrução pós-guerra. Esse desmonte se dá uma por uma ação intensiva da base do governo. É muito grave. Porque cria expectativa não só de impunidade, mas de prêmio para os crimes contra o meio ambiente e salvo conduto para seus praticantes. Quando o PL que acaba com o licenciamento ambiental estabelece que vários empreendimentos poderão ser licenciados só com a autodeclaração, isso é um prêmio para empreendimentos criminosos”, afirmou. A ex-candidata ao Planalto defende que o tema ambiental nunca saiu da cabeça dos eleitores, o que explicaria as boas votações que teve nas duas corridas eleitorais à Presidência da República das quais participou. Para Marina, os setores que fazem oposição ao meio ambiente são aqueles ainda ligados ao atraso.

Bem, nesse time encontra-se o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também concorre a uma vaga na Câmara dos Deputados e foi igualmente entrevistado por Ana Carolina Amaral.


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