Pelo terceiro ano seguido, destruição florestal da Amazônia bate recordes negativos

Por trás dos discursos internacionais do governo, os números processados pelas imagens de satélite mostram impiedosamente o que de fato ocorre na Amazônia. Tanto o que o Bolsonaro e equipe disseram a Biden na Cúpula das Américas, quanto a retórica que tentam empurrar para a OCDE não param em pé, como mostraram a CNN e o portal g1.

Os números do desmatamento de maio são catastróficos e foram registrados neste fim de semana por vários veículos de comunicação, entre eles Folha e O Globo. O sistema DETER/INPE mostrou que foram ceifados 899,64 km2 de vegetação tropical. Trata-se do 2º pior índice para maio desde o início da série histórica em 2016. O primeiro? Maio de 2021, ou seja, quando as políticas antiambientais já atingiam em cheio a região por 2 longos anos, desde a posse do atual presidente.

Quando o recorte é feito por município fica evidente como pesa a falta de fiscalização, em áreas onde a destruição vem sendo crônica. A lista com maior área destruída por municípios é formada por Apuí (AM), Porto Velho (RO), Altamira (PA), Itaituba (PA) e Lábrea (AM). Oito dos dez municípios que mais emitem gases de efeito estufa no Brasil estão, hoje, na Amazônia, como registra o portal g1 com dados do SEEG Municípios.

“Mesmo com todos os alertas da ciência, o Brasil continua na contramão do desenvolvimento sustentável”, afirmou Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil à Folha. Quando se coloca contexto histórico na frase da especialista do terceiro setor, se percebe o quão catastróficos os números de 2022 são. Os 2.867 km2 de área florestal perdidos nos cinco primeiros meses do ano é o maior valor total já registrado desde 2016, quando a série histórica começou. É o terceiro ano consecutivo com recordes de desmatamento entre janeiro e maio.

E o que está ruim pode piorar. Isso porque a temporada seca na Amazônia, quando historicamente aumenta o desmatamento anual, começa agora no mês de junho. Meses terríveis podem estar vindo pela frente, preveem os analistas.

Outro dado relacionado com o desmatamento também chama a atenção, e mais uma vez de forma negativa: os focos de calor registrados na Amazônia no mesmo mês de maio (2.287 focos) aumentaram 96% em relação a maio do ano passado.

Em tempo: Mais de uma semana se passou e ainda não foram encontrados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. O desaparecimento que apresenta ares trágicos no interior da Amazônia escancara o dia a dia de violência que ameaça indígenas e Comunidades Tradicionais da região, como analisa Ailton Krenak n’O Globo.


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