Números de Cadastro Ambiental Rural analisados até agora representam só 0,4% dos 6,5 milhões de imóveis inscritos no sistema
O Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma ferramenta de regularização ambiental considerada uma inovação do Código Florestal sancionado há dez anos, ainda patina para sair do papel. Dados de um relatório interno do Serviço Florestal Brasileiro, visibilizados pela repórter Ana Carolina Amaral, na Folha, apontam que apenas 1.169, dos 6,5 milhões de imóveis rurais cadastrados no CAR, tiveram efetivamente termos de compromisso assinados por parte dos produtores rurais. Isso representa menos de 0,01% do total. Como mostra reportagem do Valor, que também repercutiu o estudo, só 0,4% do total de imóveis inscritos – 28,6 mil ao todo – foram analisados.
Em termos de área geográfica, essa validação abrange 2% dos mais de 612,5 milhões de hectares já inseridos no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR). Cerca de 92% dos cadastros ainda aguardam análise e uma pré-validação.
A situação foi classificada como inaceitável pelo professor Raoni Rajão, da UFMG. Para ele, esse problema contribui para o atraso da implantação do próprio Código.
Suely Araújo, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e atual especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima, em entrevista concedida à Deutsche Welle, reconheceu a importância do CAR para o Código Florestal, mas afirmou que os números “absurdamente baixos” de imóveis analisados “retiram qualquer possibilidade de comemoração dos dez anos da legislação”.
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