Em artigo na Folha, o jornalista Marcelo Leite sustenta como o ambiente, desde do período colonial, é visto como uma fonte inesgotável de riquezas para pilhar

A preocupação com a questão ambiental e com o desmatamento florestal não é algo recente, de 50 anos ou menos. Como relata o jornalista Marcelo Leite em texto publicado na Folha de S.Paulo, José Bonifácio, apesar da história ter ocultado em parte esta parte da biografia dele, era um visionário. Tanto que suas ideias modernas para época, de que as florestas precisavam ficar em pé para ajudar na produção agrícola, acabou sendo sufocada pelos oligarcas.

Mesmo com a prevalência no período colonial da ideia da natureza ser uma fonte inesgotável de riquezas, é a partir da Independência brasileira, em 1822, que as cifras da destruição começam mesmo a impressionar. Nas estimativas apresentadas, na virada do século 19 para o 20, logo após a Abolição em 1888, a Mata Atlântica tinha cerca de 90% da sua cobertura original de pé. Enquanto hoje, 130 anos depois, são somente 12,4%. Até 1900, biomas como a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga estavam quase intocados.

A visão do desenvolvimento baseado na destruição ambiental continuou no século 20. A Revolução de 1930 criou a noção de que era preciso ocupar o interior e levar o desenvolvimento aos sertões. Depois veio Brasília. E, na ditadura militar, o lema: “Integrar para não entregar”.

Como argumenta baseado em especialistas no assunto o articulista da Folha, por mais que tenham ocorrido erros e alguns acertos – como no período entre 2004 e 2012 em que o desmatamento despencou por causa de políticas públicas acertadas para a região – o atual governo retrocedeu em várias frentes no campo ambiental. O futuro pode ser trágico, afirma Leite. A depender de Bolsonaro e da bancada ruralista que faz parte do Centrão, o colapso do bioma amazônico poderá ser inevitável.


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