Alta do desmatamento é efeito de anos de enfraquecimento institucional, permissividade à ilegalidade e guerra na Ucrânia.

O fato de a destruição florestal na Amazônia bater novo recorde em abril de 2022 – a pior alta para o mês desde 2016, quando a série começou – é resultado de uma “tempestade perfeita”, segundo análise da ONG WWF publicada pela Página 22. No mês passado, o DETER registrou uma área de 1.012 km² derrubados na Amazônia – um aumento de 75% em relação ao mesmo mês de 2021 (580 km²).

“Temos três anos de impunidade, com redução das ações de controle, fiscalização e autuação, agravados em 2021 por um discurso ainda mais permissivo por causa da temporada eleitoral. E, com a guerra, a escassez de produtos aumenta o valor das commodities e vigora a falsa ideia de que é necessário desmatar mais para produzir mais, o que é um equívoco”, afirma Raul Valle, diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil.

Não apenas a fotografia sobre o mês de abril, mas também o filme de 2022 preocupa bastante os ambientalistas. Nos primeiros quatro meses do ano, o acumulado do desmatamento chegou a 1.954 km², índice 69% acima do mesmo período em 2021, que registrou 1.153 km².

“Esse valor é extremamente alto para esse período, que marca o início do período da seca na Amazônia quando o desmatamento costuma aumentar”, diz Mariana Napolitano, gerente do WWF-Brasil para Ciências. “É um alerta da imensa pressão que a floresta está sofrendo nesse ano.” Pelos cálculos da equipe do WWF-Brasil, se continuar nesse ritmo, os recordes anuais de destruição da maior floresta tropical do planeta serão quebrados em 2022.


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