PF destruiu barracões e equipamentos usados pelos garimpeiros

A aldeia Aracaçá, palco de denúncias feitas por grupos indígenas de violência de garimpeiros contra índios Yanomami, foi encontrada queimada e abandonada por agentes da Polícia Federal na última 6a feira (29/4). Os policiais não encontraram o corpo da adolescente de 12 anos que teria sido sequestrada, abusada sexualmente e assassinada na semana passada por garimpeiros. De acordo com representantes indígenas que acompanharam a PF na operação, os moradores da aldeia estão sendo coagidos pelos criminosos, que pagaram com ouro o silêncio sobre o caso. 

“Após insistência, alguns indígenas relataram que não poderiam falar pois teriam recebido 0,5 gramas de ouro para manter o silêncio”, afirmou o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (CONDISI-YY), em nota. “[Os indígenas] relataram ainda que outros crimes já aconteceram na região e que, recentemente, um recém-nascido foi levado para a capital [de Roraima], Boa Vista, por um garimpeiro que alegava ser o pai da criança”.

A PF e a FUNAI afirmaram em nota que “não foram encontrados indícios da prática dos crimes de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento”. Ainda assim, os agentes destruíram barracões e equipamentos de exploração mineral em um acampamento de garimpeiros nas proximidades da aldeia incendiada. As investigações seguem, inclusive com envolvimento do Ministério Público Federal.

A violência na Terra Yanomami também foi ressaltada no Supremo Tribunal Federal (STF) na conclusão do julgamento que resultou na derrubada de decretos do governo federal que restringiram a participação pública em colegiados de política ambiental. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, disse que a situação dos Yanomami representa um “momento trágico da vida brasileira” e que os crimes que estão sendo cometidos na reserva precisam ter uma “solução exemplar”. Já a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, reafirmou que o caso reflete a vulnerabilidade estrutural sofrida pelos indígenas (e, em especial, pelas mulheres indígenas) no Brasil desde a chegada dos colonizadores portugueses há 521 anos. “Não é mais pensável qualquer espécie de parcimônia, tolerância, atraso ou omissão em relação à prática de crimes tão cruéis e gravíssimos”, disse Lúcia.

A Folha destacou a destruição da aldeia Yanomami e os indícios de coerção de garimpeiros contra indígenas. Amazônia Real, Band, CNN Brasil, Correio Braziliense, g1, Metrópoles, O Globo e Valor, entre outros, também repercutiram as últimas informações sobre o caso.


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