Há mais de 20 anos, programas de despoluição empaca, mas não por questões técnicas ou econômicas, explica biólogo da região

Os manguezais da Mata Atlântica fluminense continuam muito impactados pelo lixo e esgoto que circulam pela Baía de Guanabara. De acordo com reportagem do Estadão, mesmo com os programas de despoluição da região que vêm desde os anos 1990, a situação é caótica.

A Guanabara ainda recebe todos os dias 90 mil toneladas de detritos produzidos por sete municípios da Grande Rio e mais 18 mil litros de esgoto doméstico por segundo. O biólogo Mário Moscatelli, que acompanha todo o problema desde o começo, afirma que chegou a retirar 15 toneladas de resíduos de uma área de manguezal de 100 metros quadrados.

Para o especialista, a partir de uma análise mais ampla, o problema de a baía continuar imunda é muito menos uma questão técnica ou econômica, porque, dinheiro, segundo ele, existe. Para Moscatelli, falta um comprometimento realmente político e cultural com a questão.

Se de um lado os governantes realmente engajados com a causa nem sempre são lembrados nas eleições, aqueles eleitos também não são cobrados devidamente pela população. Além disso, a própria sociedade acaba ficando meio resignada diante das faltas de políticas públicas ambientais para a cidade e o estado. “E o cidadão não faz nem o mínimo que é cobrado de cada um, que é não jogar lixo nos rios. Vivemos uma tempestade ambiental perfeita”, avalia o biólogo ao Estadão.