Estudo mostra como os grandes animais, os primeiros a sumir com a destruição florestal, são essenciais para a dispersão das grandes árvores

De um lado, a Serra de Paranapiacaba, conhecida como uma das áreas mais conservadas de Mata Atlântica do Brasil, com 120 mil hectares distribuídos entre Áreas Protegidas e propriedades particulares. De outro, a Mata de Santa Genebra, na região de Campinas, um fragmento da floresta atlântica de 250 hectares cercado de áreas urbanas e plantações.

Duas importantes diferenças entre elas. Enquanto na primeira, os grandes mamíferos ameaçados de extinção estão presentes, como a onça-pintada, a queixada e o cachorro-vinagre, na segunda área existem apenas pequenas aves e mamíferos de porte médio, como pacas e gambás.

Ao pesquisar as interações que existem nessas regiões entre animais e plantas, os pesquisadores identificaram que a falta de certas espécies animais acarreta também o desaparecimento de várias espécies arbóreas de grande porte. Um dos exemplos é o da guapeva-vermelha. Como o fruto da espécie tem por volta de dois centímetros, não é engolido por pássaros e pequenos mamíferos. Por isso, a dispersão não ocorre e a planta desaparece daquele cenário em áreas onde os animais de grande porte não existem mais.

Os resultados do trabalho, publicado na revista Biotropica e relatado pela Agência FAPESP, mostram como preservar apenas algumas espécies não faz muito sentido. A preocupação com a diversidade funcional de um ecossistema, ou seja, as interações entre animais e plantas, é essencial para a montagem de qualquer projeto de conservação e reflorestamento, segundo os cientistas.


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