Para Candido Bracher, Brasil pode se beneficiar do inevitável “Choque do Carbono”

Há um ano, o banqueiro Cândido Bracher deixou a presidência do Itaú Unibanco para se dedicar a outras atividades. Entre elas, escrever e debater sobre questões climáticas.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o também colunista do jornal Folha de S.Paulo, vai direto ao ponto, quando perguntado pela repórter Daniel Chiaretti sobre o PL 1919 que, se aprovado, abriria a possibilidade da exploração de minérios em Terras Indígenas. “Isso é o paroxismo da desonestidade e da loucura.” Para Bracher, como não existem evidências de fósforo ou potássio em Terras Indígenas, a desculpa dada para que o texto seja aprovado (a lei, em tese, diminuiria a dependência do Brasil de importar fertilizantes que poderiam ser feitos a partir da extração local de matéria-prima) é, claramente, uma “má desculpa”.

Outra tese defendida pelo ex-presidente do Itaú: o mundo está em uma fase muito semelhante à dos anos 1970, quando ocorreu o choque do petróleo. O que antes era muito barato, naquela época, passou a ser cobrado, e bastante, por países árabes principalmente, os grandes produtores da época.

No momento atual, segundo Bracher, será necessário cobrar pelas emissões, ao mesmo tempo em que se remunera a captura, que é o oposto da emissão. “Esta cobrança é o que, a meu ver, se assemelha ao choque do petróleo de 1973. E agora creio que subitamente o mundo terá que pagar muito por algo que antes era muito barato – ou de graça, no caso das emissões. Mas o mundo se adaptou ao choque do petróleo em 73 e poderá se adaptar à cobrança pelas emissões de carbono”, afirma Bracher. Segundo ele, a opção, deixar o planeta aquecer alguns graus, não é viável.


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