Aumento do período das estações secas na Amazônia é preocupante, afirma Carlos Nobre, do INPE

Em entrevista ao Estado, o climatologista Carlos Nobre reforça a preocupação com a grande possibilidade de a floresta amazônica estar perto de um ponto de não retorno. Se a degradação avançar em menos de meio século, apenas poucas árvores de grande porte vão sobreviver. E quase 70% do atual bioma será coberto por gramíneas, arbustos e terá uma biodiversidade muito pobre, sem comparação com nenhum outro ecossistema conhecido.

“No Sul da Amazônia inteirinho, até a Bolívia, por volta de 2 milhões de quilômetros quadrados, a estação seca já ficou de 3 a 4 semanas mais longas desde 1980. Quando vi esses resultados, lá em 2014, fiquei muito preocupado, porque se a estação seca chegar a 5 meses não tem mais floresta amazônica, ela se transforma em um bioma 70% coberto por gramíneas e arbustos”, afirma Nobre na entrevista.

Para o pesquisador, um dos grandes conhecedores do funcionamento ecológico da Amazônia, não existe outra alternativa aos países amazônicos, caso do Brasil e da Colômbia, que terão eleições presidenciais este ano, a não ser zerar o desmatamento e zerar a degradação e o fogo de forma imediata. O que ele diz ser difícil, devido às tendências políticas registradas nos últimos anos.

De acordo com Nobre, 95% a 98% dos incêndios na Amazônia são causados pelo homem. Mas antes, esse fogo se propagava apenas por metros, devido a grande umidade presente no ambiente. “Agora, o fogo se propaga até por quilômetros. E um a dois anos depois do fogo aumenta demais a mortalidade de árvores”, diz.


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