Desmatamento e crise climática, ambos eventos de origem antrópica, serão devastadores para o futuro da Amazônia

O relatório “Mudanças Climáticas 2022: Impactos, Avaliação e Vulnerabilidade”, lançado nesta semana pelo Grupo de Trabalho II, no âmbito do sexto relatório de avaliação do IPCC, traz um quadro claro e preocupante em relação à Amazônia. Ao mesmo tempo, indica que, se medidas imediatas forem adotadas, ainda dá tempo de reverter a situação… mas precisa ser já.

Fruto do trabalho de 270 cientistas de 67 países, que revisaram 34 mil artigos científicos, o relatório sinaliza, por meio de projeções, o que vai ocorrer com a maior floresta tropical do mundo caso o desmatamento não seja drasticamente reduzido e as mudanças climáticas globais não sejam seriamente enfrentadas. Em linhas gerais, o futuro para a Amazônia envolve a maior frequência de secas intensas, de incêndios florestais e chuvas extremas, o que deverá levar a região a uma perda de biodiversidade sem precedentes. Se o mundo não conseguir estabilizar o aumento médio da temperatura global entre 1,5 e 2 graus Celsius, a maior floresta tropical do planeta corre o risco de se tornar uma fonte poluidora de carbono, em vez de um sumidouro de gases de efeito estufa. Estudos recentes apontam que esse fenômeno já está ocorrendo em regiões de borda de floresta.

Como mostra reportagem do jornal Folha de S.Paulo, citando o relatório, a influência do desmatamento sobre incêndios florestais pode ser até mais forte do que a das mudanças climáticas.

Os caminhos para reverter a situação, apesar de factíveis, estão longe de serem adotadas no curto prazo, devido à política ambiental do governo Bolsonaro, que vai na direção diametralmente oposta. A destruição ambiental, sinalizada pelo sucateamento dos órgãos de comando e controle e pelos índices de desmatamento recorde dos últimos anos, começa, na maioria das vezes, pela grilagem de Terras Públicas, algo pouco combatido nos últimos anos na Amazônia. Como diz a ecóloga Ima Vieira, do Museu Goeldi, de Belém, à Folha, “manter grandes áreas de floresta intacta é fundamental para preservar a biodiversidade e controlar o fogo na região”.


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