Área doada para a empresa Ford em 1927, onde vivem duas mil pessoas empobrecidas, tem processo de tombamento indefinido
É uma área de quase um milhão e meio de hectares cedida pelo governo brasileiro à Ford em 1927. A ideia inicial contemplava incentivos fiscais, como a isenção de impostos de exportação dos recursos extraídos e produzidos no local. Na época, a empresa americana estava de olho na borracha amazônica.
O projeto da criação da cidade não durou nem 20 anos, tempo em que os americanos resolveram transferir os negócios para outro local, a atual Belterra, também criada naquele tempo. A área voltou ao poder do governo brasileiro, mas a novela até hoje não acabou, como resume Gabriel Favera de Oliveira, procurador do MPF de Itaituba ao site InfoAmazônia.
“A situação de Fordlândia é algo absolutamente excepcional e serve como estudo de caso. A maneira como se deu esse negócio brasileiro é absurda”, explica. “Basicamente, a economia norte-americana criou uma cidade privada. O empreendimento foi abandonado. O Estado brasileiro pagou onerosamente para ressarcir a empresa e readquirir terras que originalmente eram públicas e nunca teve nenhum tipo de regulamentação ou fiscalização da ocupação da região”, explica Oliveira.
O impasse hoje está sobre o tombamento da área da Fordlândia, ainda tomada por casas construídas na época. Por decisão judicial, tanto o IPHAN quanto a prefeitura de Aveiro, onde está a antiga cidade planejada, deveriam acelerar a burocracia para a regularização da cidade. Mas os prazos da Justiça não andam sendo cumpridos.
No local, vivem 2 mil pessoas em situação de pobreza. São famílias e pessoas que também precisam ser inseridas na reconstrução sociocultural do local. Uma das saídas, segundo o MPF, seria atrelar o processo de tombamento aos projetos de mineração em curso nas áreas próximas, para que se pudesse ter dinheiro para a recuperação completa da Fordlândia.
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