Termo usado por professor da UFRJ retrata a principal característica do sistema de produção de energia da Amazônia

Como mostra a reportagem do Estadão, existe um contrassenso no sistema de produção de energia na região amazônica. Um local que deveria focar 100% em saídas sustentáveis é abastecido quase que totalmente por termelétricas e motores movidos a óleo diesel. Por volta de 90% da energia da Amazônia vem desta fonte bastante emissora de CO2, e que tem custos elevados.

Uma das causas desse diagnóstico é o fato de muitas regiões da Amazônia, por questões logísticas, serem isoladas do sistema nacional de energia elétrica. Até para não impactar muito o meio ambiente, pequenas comunidades, com dezenas de famílias, produzem sua energia de forma local.

No total, existem hoje 251 sistemas isolados, ou “ilhas de poluição”, como gosta de chamar o professor da UFRJ, Nivalde de Castro. Estas vão de comunidades com 15 habitantes, até cidades maiores como Boa Vista, por exemplo, cidade com mais de 80 mil pessoas e a única capital brasileira fora do sistema nacional.

A transformação energética da Amazônia não é trivial, concordam os especialistas no tema. Além de usarem soluções tecnológicas ambientalmente mais corretas, como as energias solar e eólica, os novos sistemas precisam ter um bom custo/benefício e ainda por cima serem seguros. Ou seja, não podem deixar as populações sem energia.

Consultas públicas foram abertas pelo ministério de Minas e Energia este mês para colocar o tema em debate. Usinas a biomassa também podem ser uma saída. Um dos gargalos, entretanto, é que o setor privado não costuma entrar em negócios para perder dinheiro. Por isso, os desenhos econômico-financeiros dos projetos por parte do governo precisam ser engenhosos.


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