92% dos desmates em propriedades rurais do MT feitos entre 2008 e 2009 não tinham autorização oficial

Em grandes propriedades do estado de Mato Grosso a produção de soja está atrelada ao desmate ilegal da floresta. A afirmação pode ser feita com base em um novo estudo do ICV (Instituto Centro de Vida) que engloba um período longo, entre agosto de 2008 e julho de 2019.

A análise, segundo reportagem da Folha, mostra que aproximadamente 92% do desmate em propriedades destinadas à plantação de soja não tinha autorização legal. Portanto, foram feitos sem nenhuma comunicação ao estado.

A tabulação dos dados revela também que a maior parte do problema ocorreu de forma concentrada. Mais de 50% do desmatamento identificado pelo estudo ocorreu dentro de 176 propriedades rurais. Em sua maioria, fazendas com mais de 1.500 hectares.

O Cerrado de MT é muito mais afetado pela soja do que o bioma amazônico, segundo Ana Paula Valdiones, coordenadora do programa de transparência ambiental do ICV. Mesmo assim, a maior parte das áreas embargadas no estado, segundo a análise, está na Amazônia. Além disso, apenas 30% dos imóveis que produzem soja e realizam desmatamento ilegal foram autuados pelo estado ou pelo IBAMA.

A discussão sobre a relação entre soja e desmatamento no Cerrado brasileiro é antiga. Produtores brasileiros costumam reagir com indignação quando países ou conglomerados internacionais pedem ações de rastreamento mais efetivas nas cadeias de produção de grãos. Por parte do governo, tanto estadual quanto federal, a fiscalização costuma ser falha, como mostram os dados.

No caso específico do estudo do ICV, o governo estadual informa que desde 2019 – período que ficou fora do escopo do estudo – a fiscalização e o aumento de áreas embargadas vivem uma outra realidade.


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