Números compilados entre 2019 e 2020 mostram que apenas 1,3% dos eventos é alvo de algum tipo de fiscalização

Apesar de ter acesso a um sistema robusto de fiscalização sobre o desmatamento da Amazônia, o IBAMA vem usando pouco este tipo de recurso. Um estudo feito por ONGs, e publicado pelo Estadão, mostra que apenas 1,3% dos 115.688 alertas sobre destruição da floresta entre 2019 e 2020 acabaram gerando alguma ação prática por parte do órgão governamental – isso representa 6,1% do total da área desmatada.

Esses alertas foram gerados pelo MapBiomas, que, apesar de não ser um órgão governamental, usa dados oficiais, como os gerados pelo DETER, aos quais o IBAMA tem amplo acesso. Sendo assim, a falta de dados não pode ser usada como desculpa para a baixa fiscalização. O sistema permite, inclusive, que multas e embargos sejam feitos remotamente, dispensando parcialmente a necessidade do trabalho de campo. Isso é possível devido à operação Controle Remoto, por meio do qual é possível emitir multas a partir de irregularidades identificadas pelo cruzamento de imagens de satélite com dados do Cadastro Ambiental Rural. O sistema foi implementado em 2017, como relembra a ex-presidente do IBAMA, Suely Araújo.

Apesar do número alto de alertas sempre ter dificultado que o número de fiscalizações in loco fosse alto, por falta principalmente de pessoal, o déficit entre os dois dados cresceu durante o governo Bolsonaro, o que demonstra total falta de empenho em ações de comando e controle.


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