Centenas de hectares queimados de forma proposital viraram palco para plantações de grãos

Um esforço jornalístico feito pelo Repórter Brasil escancarou a estratégia de fazendeiros e empresários do sudoeste do Pará. Dois anos depois do chamado “Dia do Fogo”, quando uma grande quantidade de focos de incêndio surgiram na mata de forma orquestrada, já se sabe qual era o real objetivo daquele episódio.

No Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa, por exemplo, um dos locais mais devastados pelas chamas, grandes áreas hoje estão repletas de soja. Finalidade, inclusive, que contraria os objetivos dessa modalidade de reforma agrária.

O levantamento inédito, ao cruzar dados dos locais onde estão a soja com os 197 alertas de incêndio emitidos pela NASA em agosto de 2019, não deixa muita dúvida. Uma área de aproximadamente 300 hectares, com várias queimadas registradas no intervalo de dois dias há mais de dois anos, está tomada por plantações de grãos.

A própria cidade de Novo Progresso, a mais próxima do assentamento onde ocorreu o epicentro do “Dia do Fogo”, mudou completamente nestes dois anos, como atesta a reportagem. Um aparente progresso toma conta do local.

Entretanto, os empresários que promoveram a vaquinha para a realização das queimadas em série – nenhum punido até agora – impõem tudo o que querem por meio de forte violência. Dois líderes do Terra Nossa já foram assassinados. A atual liderança do assentamento já sobreviveu a um atentado.


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