Mesmo as partículas mais finas emitidas por fábricas ou carros alteram a formação das gotas de chuva, diz estudo

Um grupo de pesquisadores da USP descobriu que “até mesmo as partículas mais finas de poluição impactam os mecanismos de formação e desenvolvimento das nuvens e alteram o regime de chuvas”. O estudo realizado em Manaus identificou que pequenos aerossóis expelidos por fábricas ou escapamentos de carro, por exemplo, crescem muito rapidamente, atingindo tamanhos até 400 vezes maiores.

“Entender os mecanismos de formação de nuvens e de chuvas na Amazônia é um grande desafio pela complexidade de processos físico-químicos não lineares da atmosfera”, explicou à Agência FAPESP Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e um dos autores do estudo. Segundo ele, as nanopartículas de poluição [com menos de 10 nanômetros] costumavam ser desprezadas em cálculos e modelos atmosféricos. A atenção estava toda voltada para as partículas com mais de 100 nanômetros, que atuam como núcleo de condensação de nuvens [onde o vapor de água condensa e forma gotículas] e alteram o padrão das chuvas.

Esta pesquisa é um exemplo do esforço atual dos cientistas para entender melhor como a poluição altera a formação das nuvens. Os resultados podem indicar que a poluição urbana de Manaus, ao se deslocar para fora da cidade, esteja também interferindo na formação das chuvas para mais ou até para menos, em um raio de algumas dezenas de quilômetros.

“A região de Manaus é um lugar único no mundo. É uma megacidade rodeada de floresta e distante de outras cidades. Por isso, ela permite entender como uma metrópole modifica um ambiente parecido com o da era pré-industrial”, conta Luiz Augusto Machado, professor da USP e coautor do estudo publicado na Science Advances.


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