JBS não realiza qualquer ação para garantir que gado não venha de área desmatada

Uma reportagem da Bloomberg, apoiada em uma investigação que analisou por meses mais de 1 milhão de transações de compra de gado pela JBS, descobriu que a empresa simplesmente não realiza qualquer ação para garantir que sua carne bovina não tenha origem no desmatamento da Amazônia.

A publicação descreve como as leis brasileiras atuais são insuficientes para impedir a “lavagem” de gado criado em terras desmatadas, e que a prática se tornou comum no país pela dificuldade de caracterizar criminalmente. “A JBS está preocupada com ilegalidade zero e não com desmatamento zero”, a fala é de uma das fontes ouvidas por Jessica Brice para a Bloomberg que resume as denúncias sobre a empresa.

A reportagem foi realizada com apoio do Pulitzer Center’s Rainforest Investigations Network e é mais um raio no céu carregado no horizonte da JBS em termos de reputação internacional.

Em dezembro, varejistas europeus anunciaram um boicote às marcas da empresa depois que uma denúncia da Mighty Earth baseada em uma investigação da Repórter Brasil mostrou variados exemplos de conexão da JBS com áreas de desmatamento.

Se a pecuária bovina é a principal indutora do desmatamento crescente na Amazônia, ela é seguida de perto pelo garimpo. A Mongabay publicou dados da nova e catastrófica corrida do ouro na Amazônia, impulsionada pelo aumento da demanda internacional. Em 2021, somente a Suíça importou mais de US$1,2 bilhões em ouro do Brasil – segundo maior mercado de exportação do ouro brasileiro, depois do Canadá. Cerca de um quinto deste ouro vem da Amazônia, de acordo com números oficiais, levantado preocupações de que os suíços estejam inserindo o ouro ilegal da Amazônia nas cadeias de fornecimento globais.

Em tempo: A exposição “Amazônia” de Sebastião Salgado chega ao Brasil no dia 14 de fevereiro, no Sesc Pompeia, em São Paulo. Depois, a exposição segue para o Rio de Janeiro, onde será inaugurada no dia 19 de julho, no Museu do Amanhã. A exposição foi inaugurada em maio de 2021 na Filarmônica de Paris, passou pelo Museu Nacional das Artes do Século XXI, em Roma, e pelo Museu de Ciências de Londres, com direito a uma palinha no Brazil Climate Action HUB na COP26, em Glasgow. “O meu desejo, com todo o meu coração, com toda a minha energia, com toda a paixão que possuo, é que daqui a 50 anos este livro não se assemelhe a um registro de um mundo perdido. A Amazônia deve continuar a viver”, disse o fotógrafo a Afonso Borges, n’O Globo.


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