Indícios apontam correlação entre o aspecto barrento das águas do rio Tapajós e as atividades antrópicas na Amazônia

Cresce o número de evidências sugerindo que a alteração da cor das águas de Alter do Chão, verificada nas últimas semanas, é resultado da prática de garimpo na região. Dados da Polícia Federal, expostos em reportagem do Jornal Nacional  de quarta-feira (19/1), apontam que os garimpeiros despejam sete milhões de toneladas de rejeitos no rio Tapajós. A urbanização não planejada, acompanhada de saneamento básico precário e desmatamento, também podem contribuir para a situação, de acordo com a doutora em ciências biológicas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Dávia Talgatti, em entrevista concedida ao jornal O Globo. De acordo com o pesquisador Tommaso Giarrizzo, coordenador do Grupo de Ecologia Aquática da Universidade Federal do Pará (UFPA), em entrevista à CNN Brasil, outra possível explicação para o aumento da turbidez das águas do chamado “caribe amazônico” seria a erosão do solo, que traz consigo o potencial tóxico. A questão, segundo ele, pode ser multifatorial. “Na bacia do Tapajós, há um conjunto de impactos antrópicos que geram modificações na qualidade da água, e isso vai ter um efeito cumulativo – especialmente o desmatamento, que ocorre nas cabeceiras do rio Tapajós, o agronegócio, a construção de barragens, portos, os processos de queimadas”, explicou. Na avaliação do ecólogo, as consequências na mudança do uso do solo da Amazônia tem impactos não apenas locais, mas também regionais e até globais, devido ao potencial carreamento de solo contaminado com mercúrio e metais pesados utilizados na mineração ilegal pelas águas das chuvas. Essas toxinas, além de se espalharem por rios amazônicos, também chegam ao Atlântico.


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