Pesquisadoras que coletavam amostras de cabelo para testar a presença do metal pesado no organismo de mulheres em uma região de garimpo teve de abandonar o trabalho após ameaça

O trabalho do grupo de pesquisadoras durou um dia. Elas tinham como propósito distribuir informações e coletar amostras de cabelo entre mulheres em idade fértil, com 18 a 44 anos, para testes capazes de identificar a contaminação pelo metal pesado nos organismos. O projeto estava em curso em Vila Nova, no Amapá. Trata-se de uma localidade cujas atividades giram em torno de um garimpo. No primeiro dia, 20 amostras foram coletadas com sucesso. O estudo continuaria no dia seguinte, porém, foi interrompido após “ameaças (nada) veladas” às pesquisadoras, como relatou a Folha de S.Paulo.

O incidente ocorreu em 2019, mas só veio à tona nesta segunda-feira, dia 7. Ao todo, 34 mulheres já tinham se disposto a participar do estudo, entre elas garimpeiras, esposas de garimpeiros e mulheres que vivem da prostituição na região. Aquelas amostras coletadas no primeiro dia, e outras obtidas em áreas próximas, deram positivo para a presença do mercúrio (e metilmercúrio) nos organismos das pessoas testadas. Tanto as mulheres que atuam diretamente no garimpo, como outras que não estão diretamente envolvidas na atividade, estavam contaminadas, devido à ingestão de peixes contaminados. A contaminação por mercúrio, segundo a literatura científica internacional, pode afetar cérebro, rins e fígado, e passar de mãe para feto durante a gestação. A questão tem se tornado um problema de saúde pública inclusive na população indígena, segundo a Fiocruz.


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