Para agência de classificação de risco, problemas ambientais não têm reflexos apenas sobre a reputação das empresas

Análise da agência de classificação de risco Moody’s afirma que o agronegócio brasileiro pode sofrer restrições para a entrada de seus produtos em mercados externos e ter problemas na hora de buscar financiamento no exterior, informa o Valor. De acordo com a análise, o desmatamento e os riscos associados ao clima já causam problemas reputacionais às empresas do setor no mercado internacional, e conseguir crédito no exterior pode ficar difícil por conta da exposição do agro ao desmatamento e às emissões de gases de efeito estufa do setor.

Enquanto parte significativa do agronegócio brasileiro segue em negação destes problemas, seus concorrentes internacionais não poderiam estar mais contentes, escreveu Marcio Astrini, do Observatório do Clima, n’O Globo: “Quanto mais o Brasil defende seu direito de destruir a floresta e emitir carbono, mais o lobby agrário europeu encontra motivos para discriminar produtos como a carne e a soja brasileiras.”

Para piorar, aumenta nos EUA o tom contra o descontrole do desmatamento no Brasil. Em carta encaminhada ao presidente Joe Biden, oito senadores norte-americanos acusaram o governo Bolsonaro de ser responsável direto pela destruição da Amazônia, por ter “promovido, de forma entusiasmada, políticas extremamente prejudiciais ao meio ambiente”. O texto também lembra da “boiada” antiambiental em tramitação no Congresso Nacional brasileiro, que pode piorar ainda mais a situação ambiental do país. “A epidemia de desmatamento e de incêndios, não só na Amazônia, mas no Pantanal e no Cerrado, é resultado direto das palavras e das ações de Bolsonaro”. A Folha deu mais detalhes.

Em tempo: Somente em novembro, como relata ((o))eco a partir de dados do INPE, foram registrados 5.779 focos de incêndio na Amazônia. É uma queda de 50% em relação ao mês de outubro, algo esperado para a região por causa da chegada da estação chuvosa. Assim como acontecem incêndios na Amazônia – provocados pela atividade humana -, ao contrário do que disse o presidente Bolsonaro em 23 de novembro, outros biomas brasileiros também estão sendo castigados pelas chamas.

A situação é grave, por exemplo, na Mata Atlântica. Apenas em novembro foram registrados 558 focos de calor. O acumulado dos 11 meses de 2021 (18.534 focos), entretanto, registra o pior índice desde 2011. O Cerrado acumula 61.795 focos nos 11 meses de 2021, sendo 1.901 deles ocorridos em novembro. O Pantanal já registra 8.110 focos em 2021, sendo que 257 deles ocorreram em novembro.


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