Termos como “compromisso”, “desconforto” e “imperfeito” são associados ao pacote de decisões aprovadas na COP26

A salvação do clima foi adiada mais uma vez para 2022, quando metas mais ambiciosas contra o aquecimento do planeta serão discutidas no Egito, na COP27. O planeta ainda não tem um plano com ajuste fino sobre o que fazer até 2030, segundo a posição do Observatório do Clima.

O acordo de Glasgow, na visão da rede de organizações da sociedade civil, não conseguiu entregar a ambição necessária para a redução de emissões de gases de efeito estufa em linha com o objetivo de travar o aquecimento global em 1,5OC. Em compensação, o lado positivo da COP26 foi a definição sobre o chamado “Livro de Regras” do Acordo de Paris.

Outro fracasso da COP26: os negociadores não conseguiram chegar a um acordo sobre um sistema de financiamento que realmente transfira recursos dos países ricos para ações a favor do clima nos países em desenvolvimento. Por influência principalmente dos ricos, a proposta de criar um mecanismo de financiamento expresso para as perdas e danos sofridas por nações vulneráveis por conta de impactos climáticos foi descartada. O que deveria ser um mecanismo virou um “diálogo”.

“Não é mais possível medir o progresso da negociação segundo a régua do texto anterior. A única régua possível é a da ciência do IPCC, e a COP26 não reflete a urgência vista no relatório do painel dos cientistas do clima da ONU. Duvido que alguém que está com a vida e a família sob risco numa ilha do Pacífico ou no Nordeste do Brasil vá ficar satisfeito com o resultado”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

O enviado de clima dos Estados Unidos, John Kerry, preferiu relativizar as críticas e jogar a questão para frente. Segundo ele, quem pensou que seria diferente não entende o desafio que está sobre a mesa. “Paris construiu a arena e Glasgow dá início à corrida”, afirmou.


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