Líder indígena que discursou na COP é testemunha da destruição da Amazônia
Nos últimos anos, a paiter-suruí Txai Suruí assistiu amigos e familiares sofrerem pressão dos invasores de terras indígenas. Parte desta experiência vivida de forma cotidiana no interior de Rondônia transpareceu no discurso da jovem de 24 anos em Glasgow, como retrata a Folha.
O assassinato do amigo Ari Uru-Eu-Wau-Wau, 33, é um dos casos mais marcantes. As invasões a TI Uru-Eu-Wau-Wau começaram em janeiro de 2019, já sob o discurso antiambiental do governo de Jair Bolsonaro. O guardião do território, e amigo da infância de Txai, como ela lembrou em inglês ao falar na COP26, acabou morto com golpes na cabeça em abril de 2020. O caso até agora não foi solucionado pela polícia.
A mãe de Txai, a contragosto, também teve que sair de Rondônia, por dois meses, por causa de ligações intimidadoras que ela recebeu por parte de invasores de terra. Dois homens, inclusive, estiveram na sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, fundada e liderada por Ivaneide Cardozo, a mãe de Txai. Ela também é filha de Almir Suruí, uma das lideranças indígenas mais críticas ao governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Em entrevista ao UOL após falar por dois minutos no plenário principal da COP, a líder indígena afirmou ter sido pressionada pelo teor do seu discurso. “Depois do meu discurso, fui dar algumas entrevistas, muitas pessoas queriam falar comigo, e uma parte brasileira ficou me intimidando. Ele chegou depois em um momento e falou ‘não fala mal do Brasil, porque a gente está aqui para ajudar’. Me senti muito intimidada e não foi muito legal”, afirmou.O presidente Jair Bolsonaro, sem citar nominalmente Txai, afirmou à Folha que “levaram um índia para lá para atacar o Brasil”.
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