Novas promessas não resolvem pedalada climática, afirmam especialistas

Por enquanto, de forma oficial, a única medida realmente protocolada oficialmente pelo governo brasileiro no âmbito da ONU é a antecipação da meta de neutralidade climática de 2060 para 2050, informa o Reset, decisão essa tomada na cúpula de líderes organizada por Biden ainda no primeiro semestre.

Sobre a promessa de reduzir as emissões em 50% até 2030, anunciada na segunda-feira (1/11) – acompanhada pela afirmação do presidente Bolsonaro de que o país pode ser mais ousado –, ela nem chegou a resolver a pedalada climática feita no ano passado. Por causa de toda uma engenharia financeira criativa feita pelo governo em relação à metodologia da quantidade de carbono emitida, o Brasil está voltando ao que havia assumido em 2015.

“Se quisesse apresentar um compromisso compatível com o Acordo de Paris, o corte deveria ser de 80% [e foi de 50%]”, disse um comunicado emitido pelo Observatório do Clima. Isso significaria um plano em linha com um aumento de apenas 1,5°C na temperatura global. “É uma irresponsabilidade com o planeta e com o futuro dos brasileiros”, afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

“O que o Brasil fez foi voltar à meta que tinha sido apresentada em 2015”, diz Natalie Unterstell, diretora do Instituto Talanoa e especialista em política do clima. “Vale lembrar que todos os países foram instados a aumentar sua ambição [para esta COP]. A nossa ficou quase no zero a zero.”

Em tempo: No O Globo, o anúncio da nova meta de redução das emissões também foi discutido. Assim como o novo plano do governo para barrar o desmatamento amazônico.

A nova meta, quando muito, corrige uma ilegalidade, segundo Suely Araujo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do IBAMA, referindo-se ao fato de o Acordo de Paris proibir os países de terem metas menos ambiciosas do que as já apresentadas.


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