Aceno foi dado durante giro do chanceler brasileiro em Paris

O Brasil pode oferecer compromissos mais ambiciosos de redução de emissões de carbono na iminente conferência da ONU sobre o clima na Escócia. O discurso certamente atrairá muito ceticismo, dado o histórico do governo populista de direita de Bolsonaro, que é um forte defensor da abertura da Amazônia à mineração e à agricultura, que já questionou se a mudança climática é verdadeira e que bateu de frente com o presidente francês Emmanuel Macron em assuntos relativos ao clima, escrevem jornalistas na Bloomberg.

“No Brasil, temos disciplina orçamentária e um teto de gastos de recursos públicos, e isso nos leva a outra questão: como o mundo pode ajudar o Brasil?”, perguntou ontem o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, durante entrevista em Paris.

O Brasil é o país da América do Sul que mais emite carbono e, em meio a um salto no número de incêndios e desmatamento ilegal, o governo sofre pressão para manter a destruição sob controle. França acha possível fazer isso e ao mesmo tempo continuar sendo uma potência no agronegócio. A meta é reduzir o desmatamento ilegal até 2030 e buscar a neutralidade das emissões de carbono até 2050, uma década antes do previsto. Ele citou um ainda desconhecido programa de ”Crescimento Verde” que promoveria investimentos ambientalmente corretos.

França foi a Paris para uma reunião ministerial na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde o país negocia seu ingresso, e também na Organização Mundial do Comércio (OMC). A visita do chanceler causou controvérsias. Jamil Chade, do UOL, afirma que o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, teria recusado um pedido feito pelo Itamaraty para que se encontrasse com o ministro brasileiro. O Diário do Poder disse que a notícia é falsa e que jamais houve pedido para que os dois se encontrassem. Segundo Chade, o presidente francês, em período pré-eleitoral, prefere não se envolver com o governo brasileiro. Não custa lembrar que as relações entre França e Brasil vêm sofrendo desgaste desde 2019, quando Bolsonaro cancelou a reunião que teria com o chanceler francês para cortar o cabelo, como informou a Isto É.


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