Em 850 km da BR-163, único trecho de mata dos dois lados da rodovia fica no Parque Nacional do Jamanxim

Hoje em dia, é pequena a possibilidade de se encontrar floresta no oeste do Pará. Garimpo, plantações de soja, estações de transbordo de cargas de milho e soja que chegam do Mato Grosso e, também, do próprio Pará, a pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163) e madeireiras ilegais, tudo isso contribui para transformar a região. Com a construção e asfaltamento da rodovia, entrou em cena a grilagem e a expansão do agronegócio, fazendo o desmatamento explodir.

O governo Lula tentou interditar a área do entorno da rodovia criando um plano de ordenamento territorial, na tentativa de conter o desmatamento. Criou unidades de conservação para que estas, em conjunto às já existentes e às terras indígenas, formassem “uma muralha” para proteger a floresta. Mas, nos anos seguintes, o plano não foi implantado. Atualmente, a região sudoeste do Pará é um dos pontos mais quentes do desmatamento, contam o jornalista Claudio Angelo e Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, em matéria publicada no Observatório do Clima.

No começo de setembro, eles desceram a BR-163, de Santarém até Castelo dos Sonhos, e voltaram pela Transamazônica até Altamira. Em todo este percurso,o único trecho de floresta que encontraram entre os dois lados da estrada, nos 850 km entre Santarém e Castelo dos Sonhos, foi no Parque Nacional do Jamanxim.

As unidades de conservação criadas em 2006 vêm sendo desmatadas. O governo Bolsonaro desmontou os órgãos de controle ambiental e empoderou os criminosos. Agora, grilar, desmatar e garimpar se tornaram motivo de orgulho na região.

O MapBiomas alerta registrou a maior derrubada contínua de floresta na Amazônia na região de Castelo dos Sonhos. Foram 6.500 hectares de terras públicas destruídos entre fevereiro de 2020 e agosto de 2021. Azevedo e Angelo tentaram chegar ao local, mas foram barrados. A estrada que dava acesso à área começava em uma fazenda às margens da BR-163, mas eles não tiveram autorização do proprietário, que estava em viagem.

Neste ano, um estudo de Luciana Gatti, do INPE, mostrou que as áreas de Santarém e de Alta Floresta emitem mais gás carbônico do que absorvem, resultado das queimadas e da mudança do clima. Em Alta Floresta, as temperaturas médias subiram 2,5oC desde 1979. A consequência pode ser o colapso da floresta e aquecimento maior da Terra.

Vídeos sobre a viagem podem ser vistos no Instagram do Observatório do Clima.


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