Somente 5% dos moradores em Unidades de Conservação de Uso Sustentável na região do rio Juruá gostariam de se mudar para uma cidade
Entre os adultos que moram em Unidades de Conservação de Uso Sustentável em comunidades ribeirinhas da Amazônia, somente 5% gostariam de se mudar para uma cidade. Já entre os que vivem em áreas desprotegidas, 58% querem fazer a mudança.
Os dados fazem parte de pesquisa realizada por pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e de Alagoas (UFAL), das universidades norueguesas de East Anglia e de Ciências das Vida, além do Instituto Juruá. Ela foi publicada ontem na revista científica PNAS. O objetivo dos pesquisadores era compreender os impactos sociais da vida dentro de uma Unidade de Conservação e comparar com a vida fora dela. Foram ouvidos moradores e líderes de 100 comunidades na região do rio Juruá, afluente do Amazonas, no total de 426 pessoas e 281 famílias.
De acordo com o pesquisador e um dos autores do artigo, João Campos-Silva, do Instituto Juruá, Unidades de Conservação são benéficas para a qualidade de vida e a subsistência local quando têm boa gestão, forte organização social das comunidades e associações locais. “O melhor acesso a saúde, educação, eletricidade, saneamento básico e comunicação, observado em comunidades dentro das UCs, influencia a decisão das pessoas de não quererem sair de lá”, afirmou ao UOL.
Unidades de Conservação têm mais acesso à infraestrutura básica de serviços públicos e conseguem garantir riqueza material maior para os moradores, revela o estudo.
Há, porém, uma observação. O cenário otimista visto na região do rio Juruá não pode ser generalizado, já que envolve modelos de cogestão na UC. Na Amazônia, a maioria das UCs não está completamente implantada e sofre com escassez de recursos humanos e financeiros. Por isso, os pesquisadores sugerem que o investimento público seja ampliado a fim de implementar essas áreas protegidas e gerar riqueza com a floresta ainda em pé.
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