Políticos e ativistas alemães pressionam União Europeia por lei que livre cadeias de abastecimento de desmatamento e violações aos direitos humanos

A pecuária na Alemanha conta com uma grande plantação de onde tirar o alimento dos animais: a soja brasileira. Mas o grão, bom e barato, vem com um custo embutido mas não contabilizado, a destruição da floresta tropical. De acordo com algumas estatísticas, 88% dos desmatamentos feitos em Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, são ilegais. A União Europeia (EU), ao importar a soja brasileira, acaba sendo conivente com a destruição. A cada ano, 2 milhões de toneladas de soja, ou seja, um quinto das compras feitas pela EU, são cultivadas em áreas desmatadas ilegalmente, informa a DW.

Mas políticos e cientistas alemães têm demonstrado cada vez mais que não estão dispostos a continuar com este modelo de negócios com a América do Sul. “Não queremos mais importar soja de áreas como o Brasil, que derruba a floresta tropical para cultivar o grão. É por isso que pedimos uma legislação vinculativa da União Europeia para cadeias de abastecimento livres de violações de Direitos Humanos, desmatamento e outros crimes ambientais”, diz Anton Hofreiter, deputado federal do Partido Verde. Para ele, produtos agrícolas de áreas desmatadas da Amazônia devem ter sua importação proibida o mais rápido possível.

A organização ambientalista alemã Deutsche Umwelthilfe exige uma lei mais rígida de controle da cadeia de abastecimento e uma lei da UE contra a importação de produtos do desmatamento. Mas a ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, prefere confiar em compromissos voluntários, afirma a DW.Cada vez mais vozes na União Europeia são contra um acordo de livre-comércio entre União Europeia e o Mercosul. Em 26 de setembro haverá eleição geral na Alemanha e os Verdes devem ganhar participação no novo governo, elevando a rejeição ao acordo. A França o bloqueia a fim de proteger a agricultura doméstica. Por outro lado, Espanha, Portugal e Suécia pressionam pela ratificação. Com eleições também no Brasil, será que haverá mudanças?

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