Governo Bolsonaro segue em sua tentativa de convencer governos, empresas e investidores internacionais de que o problema ambiental do país é meramente “de imagem”

Em face do desmantelamento das políticas ambientais e de estruturas de comando e controle, bem como dos altos números de desmatamento ilegal e dos riscos de invasão em terras indígenas, o governo Bolsonaro segue em sua tentativa de convencer governos, empresas e investidores internacionais de que o problema do país é meramente “de imagem”. Na BBC Brasil, Thaís Carrança fez um apanhado das verdades alternativas oferecidas pelos defensores do Planalto, que vão desde a “falta de informações sobre a situação real” do país até críticas aos “maus brasileiros”, que estariam caluniando o país no exterior. Como observou o professor Maurício Santoro (UFRJ) na reportagem, a insistência de Bolsonaro nesse tipo de argumento, depois de quase três anos de governo, é “surpreendente”.

Já o repórter Robson Bonin, da sucursal da Veja em Brasília, destacou que Bolsonaro pretende, na próxima semana, mencionar a questão ambiental em seu discurso na 76ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, que teve início nesta terça-feira (14/9). A previsão é de que o presidente brasileiro abra a sessão de debates gerais reforçando medidas recentes do seu governo na área ambiental, como a contratação de novos servidores para os órgãos federais e a redução (ainda que marginal) do desmatamento nos últimos meses.

Em outra frente para “melhorar a imagem”, representantes do Brasil tentaram minimizar as críticas da alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ao que chamou de “ataques aos povos indígenas” ocorridos na Amazônia. Durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos, ocorrida em Genebra, na segunda-feira (13/9), Bachelet declarou estar “alarmada” com a situação, mencionando especificamente os incidentes envolvendo terras das etnias Munduruku e Yanomami. De acordo com Jamil Chade, no UOL, o embaixador Tovar Nunes rejeitou o diagnóstico de Bachelet sobre os riscos enfrentados por indígenas e ambientalistas e disse que o governo defende os direitos dos povos tradicionais – a despeito dos números e da realidade em campo apontarem o oposto. O Globo também repercutiu a resposta brasileira, ocorrida em Genebra.Em mais um revés, indicando que a retórica de “amigo do meio ambiente” não está funcionando, o governo Bolsonaro ficou sabendo que sua intenção de chegar a um acordo de livre comércio com os EUA foi temporariamente engavetada pelo governo norte-americano. O diplomata Daniel Watson, representante do Departamento de Estado dos EUA para negociações comerciais no hemisfério ocidental, sinalizou que as preocupações com as questões ambientais no Brasil tornam diminuta a possibilidade do acordo bilateral. “Continuamos a ouvir questionamentos muito fortes de alguns membros do Congresso sobre a Amazônia, o desmatamento, os direitos indígenas e os direitos humanos”, disse ele, em declarações que ganharam repercussão na  Folha e no Valor.

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