Entre 1985 e 2020, o Cerrado perdeu um quinto de sua área. A área de vegetação nativa perdida foi praticamente toda ocupada pelo agronegócio

O Cerrado vem sendo devorado pelo agronegócio nos últimos 36 anos. De 1985 a 2020, perdeu praticamente um quinto de sua área. Nesse período, 26,5 milhões de hectares de cobertura vegetal nativa foram derrubados, e quase a totalidade – 98,9% – hoje é usada pela agropecuária. A expansão urbana engoliu outro 1%.

A agropecuária já ocupa quase metade do bioma, o segundo maior do Brasil. Os dados fazem parte da série Brasil Revelado 1985-2020, do MapBiomas, e foram apresentados na última 6a feira em evento transmitido pelo YouTube. O estudo mostra perdas em diferentes tipos de vegetação do bioma e o quanto restou destes, o que inclui, também, a categoria de campos alagados e áreas pantanosas. Foi a primeira vez que as áreas úmidas do Cerrado foram analisadas dessa forma. A tendência é preocupante: esse tipo de cobertura vegetal vem se reduzindo de forma constante nas últimas três décadas e meia. Globo(o) eco e Rede Brasil Atual publicaram matérias com dados detalhados do estudo.

Ainda sobre o Cerrado, desde 2012 o bioma não queima tanto. Nos primeiros oito meses deste ano, foram registrados 31.566 focos de incêndio, quase metade deles somente em agosto. O índice, infelizmente, segue o da Amazônia, que no mesmo mês teve mais de 28 mil focos de queimada. O Pantanal também arde no entorno da rodovia turística Transpantaneira, no Mato Grosso.

O número de focos de incêndio acumulados no ano no Cerrado é o terceiro maior desde 2010. Como setembro é, em termos históricos, o mês com maior número de incêndios na região, atingindo média acima de 22 mil focos, as perspectivas não são otimistas. Os dados são do Programa Queimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Há pouco tempo o MapBiomas Fogo mostrou que, nos últimos 36 anos, a Amazônia e o Cerrado foram os biomas que mais registraram incêndios no país. Impulsionado pela atividade agropecuária, o desmatamento é quase tão elevado quanto o registrado na floresta, mas a proteção prevista no Código Florestal é menor, lembra a Folha.

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