Governador abriu a porteira para incentivar o agronegócio
Logo depois de tomar posse no governo do Acre, em janeiro de 2019, Gladson Cameli afirmou, não sem desmoralizar a atuação dos agentes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), que ninguém mais precisaria pagar multas ambientais, já que “agora quem está mandando sou eu”. Foi o sinal verde para que a porteira fosse aberta, e a boiada passasse, muito antes dessa expressão ter se popularizado com a fala do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante reunião ministerial cuja gravação acabou sendo divulgada na imprensa.
O pequeno Acre, que tornou-se protagonista de políticas de preservação de suas florestas por quase 20 anos, hoje é referência naquilo que há de pior em termos de política ambiental, como aponta o jornalista Fabio Pontes, em ((o)) eco. E não se trata, como foi possível notar nos primeiros atos do governador, somente do resultado das políticas do governo federal.
Durante a campanha para o cargo, Camelli já prometia que o agronegócio seria o carro-chefe da economia do Acre. Para isso, era preciso desburocratizar e flexibilizar as normas ambientais, segundo ele. O projeto de proteção da Amazônia, gestado durante as duas décadas de governos do PT, no Acre, tornou-se o principal alvo e o inimigo número um da gestão Camelli.Entre agosto de 2020 e julho deste ano, 927 km2 de floresta amazônica desapareceram no estado, segundo o Imazon. Atualmente, a destruição avança em áreas com maior cobertura florestal preservada. O governador também patrocina projetos de estradas atualmente isoladas. “E é assim, no caminho de rodovias e com as porteiras escancaradas, que o Acre dá a sua infeliz contribuição para o aumento da destruição da mais importante floresta tropical do mundo”, diz Pontes.
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