Todos os anos, uma parte da Amazônia é queimada. Nas imensas áreas que ardem com o fogo provocado por ação humana a fauna e a flora também são destruídas.
Todos os anos, uma parte da Amazônia é queimada. Nas imensas áreas que ardem com o fogo provocado por ação humana a fauna e a flora também são destruídas. Estudo publicado ontem na revista científica Nature, que contou com a participação de pesquisadores brasileiros, coloca uma camada de números sobre as queimadas. Entre 2001 e 2019, cerca de 190 mil quilômetros quadrados foram incendiados, o que afetou o habitat de 85,2% das espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção na Amazônia. Por seu lado, as espécies não ameaçadas tiveram 64% de seu habitat impactado.
Entre as espécies consideradas como ameaçadas de extinção na Amazônia pela International Union for Conservation of Nature (IUCN), os incêndios atingiram 236 das 264 espécies de plantas, 83 das 85 espécies de pássaros, 53 das 55 espécies de mamíferos, 5 das 9 espécies de répteis e 95 das 107 espécies de anfíbios, como mostrou o Ipam.
Os pesquisadores deram exemplos de espécies ameaçadas de extinção, como a Remijia kuhlmannii, um arbusto silvestre da família do café, que já perdeu mais de 60% da área de seu hábitat. Não por coincidência, diz o Globo, a planta é encontrada na transição entre o Cerrado e a Amazônia, onde a agropecuária mais se expande, no Mato Grosso.
Entre os mamíferos ameaçados de extinção e que foram afetados diretamente pelo fogo na Amazônia, estão algumas espécies de sagui e de macacos-aranha, assim como alguns exemplos de aves, como o murici, segundo o G1.
De acordo com Danilo Neves, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), quem também participou do estudo, as espécies raras são as mais prejudicadas pelas queimadas. “Boa parte das espécies impactadas perderam mais da metade de suas áreas de ocorrência”, disse à Folha. “Ou seja, se você é uma espécie rara, a chance de ter perdido todos os seus indivíduos e entrado em extinção local é muito alta.”
O trabalho ainda destaca a influência das políticas ambientais na região, “as mudanças de 2019 mostram um retrocesso gigantesco na conservação da Amazônia”, diz Paulo Brando, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da Universidade da Califórnia em Irvine, também um dos autores do estudo. A Inside Climate News também publicou detalhes sobre o estudo.Em tempo: Entre um terço e metade das espécies selvagens de árvores do mundo estão ameaçadas de extinção. A destruição de florestas para abrir espaço para a agropecuária é uma das maiores responsáveis, segundo estudo do Botanic Gardens Conservation International (BGCI). The Guardian, Reuters e BBC comentam o assunto.
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