A Amazônia é a região mais biodiversa do mundo, mas investimentos em pesquisa da biodiversidade são baixos em comparação com outras regiões do Brasil
A maior floresta tropical do mundo abriga também a maior biodiversidade do planeta. O bioma abriga 16 mil espécies de árvores, 2,7 mil espécies de peixes, 1,4 mil espécies de aves, mais de 80 bilhões de toneladas de carbono, além da maior proporção de Áreas Protegidas e Terras Indígenas. Entretanto, toda essa riqueza não é suficiente para que a região atraia recursos para pesquisas em biodiversidade.
Um estudo publicado na Perspectives in Ecology and Conservation mostra que as instituições amazônicas receberam cerca de 10% de todo o orçamento do governo brasileiro disponibilizado entre 2016 e 2022 para subsidiar projetos de pesquisa e cerca de 23% dos recursos destinados a apoiar estudos ecológicos de longa duração. Somente em 2022, destaca o g1, a Amazônia obteve 13% das bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado e abrigou 12% dos pesquisadores de pós-graduação em biodiversidade no país.
Para chegar a esses números, os pesquisadores analisaram os dois principais editais de recursos federais para pesquisa no Brasil: o Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) e o edital Universal, ambos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e a agência federal de capacitação de recursos humanos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
O trabalho mostra que a região Norte – que representa 59% de todo o território nacional e engloba 87% de toda a Amazônia brasileira – recebeu cerca de 10% dos recursos disponibilizados pelo edital Universal entre 2016 e 2022, e 22% do recurso disponível pelo edital de 2020 do Peld para pesquisas de longa duração. Já as regiões Sul e Sudeste concentraram juntas 50% desses recursos nesse período. No Norte, há 1,5 mais pesquisadores atuando em programas de biodiversidade do que no Sudeste, cenário que se inverte quando se trata da distribuição de recursos.
Enquanto a região Sudeste recebeu cerca de US$2 por km² para financiar pesquisas em biodiversidade pelo edital Universal, a região Norte recebeu US$ 0,13. Isso mostra que cerca de 90% dos recursos federais para pesquisas em biodiversidade estão fora da região que abriga a maior floresta tropical do planeta.
“A gente chama atenção para a contradição entre a importância da região e o que ela recebe em investimento. É fundamental desenvolver um plano estratégico para alocação de recursos que alinhe a pesquisa com a relevância socioambiental da Amazônia para o Brasil e o planeta”, declara a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental.
A Embrapa é uma das instituições que coordena o projeto Synergize, que reúne pesquisadores de 12 instituições nacionais e internacionais e foi o responsável pelo levantamento.
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