Queda do desmatamento da Floresta Amazônica reforça demanda brasileira pela criação de um fundo global para recuperar florestas na conferência do clima

A 28a edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) começa nesta quinta-feira (30/9), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e se estende até 12 de dezembro. Diante do inegável agravamento da crise do clima, com 2023 quase confirmado como o mais quente dos últimos 125.000 anos e o aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos – ondas de calor, tempestades e secas extremas, como a que atinge a Amazônia –, várias urgências estarão na mesa de negociações da COP28 nos próximos dias. Entre elas estão o financiamento climático a países em desenvolvimento, um cronograma para o fim da produção e do consumo dos combustíveis fósseis e o combate ao desmatamento de florestas.

Neste último quesito, o Brasil chega à conferência climática com uma boa carta na manga. Como mostrou o sistema PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o país conseguiu estancar em 22% a devastação da Floresta Amazônica entre agosto de 2022 e julho de 2023. Somente nos primeiros 10 meses deste ano, o desmate no bioma caiu 48,9% em relação a igual período do ano passado.

Mesmo com o aumento das queimadas na região nos últimos meses e a dificuldade em conter o desmatamento no Cerrado, como lembra o Estadão, os números da Amazônia podem fazer o Brasil assumir o protagonismo em algumas negociações. E uma das propostas a ser lançada pelo presidente Lula na conferência do clima envolve a obtenção de recursos tanto para a proteção de florestas como para a recuperação de áreas desmatadas. Conta que Lula quer cobrar principalmente dos países ricos em prol dos países que integram o Sul Global, como o Brasil.

O presidente vai propor a criação de um fundo internacional para remunerar a preservação de florestas tropicais em cerca de 80 países, destaca a IstoÉ. Como explicou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, trata-se de um “mecanismo global” que pagaria por cada hectare de floresta preservada ou restaurada com mata nativa. Os detalhes da proposta serão revelados em Dubai.

Além disso, Lula vai apresentar na COP28 um programa para recuperar terras cultiváveis degradadas e improdutivas. Com ele, o governo brasileiro pretende expandir a área agrícola do país dos atuais 65 milhões de hectares para 105 milhões, sem desmatar. Para isso, estima investir cerca de US$ 120 bilhões em uma década.

Apesar dos percalços, como o polêmico projeto da Petrobras de explorar petróleo na Foz do Amazonas, uma área de alta sensibilidade ambiental e que pode sofrer impactos tremendos em caso de vazamento, Marina Silva afirmou que o Brasil vai “de cabeça erguida” à COP28, “mais para cobrar do que ser cobrado”. A ministra reforçou que vai cobrar das potências globais as promessas de ajuda aos países vulneráveis, além de debater os desafios pela frente “para tirar o pé no acelerador dos combustíveis fósseis num contexto geopolítico que não é fácil”.


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