No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, campanha destaca trabalho de mulheres na preservação da Amazônia e de Comunidades Tradicionais da região
Em 1992, durante o 1o Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, a ONU estabeleceu a data de 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. O dia se tornou um marco para lembrar a luta e a resistência dessas mulheres contra o racismo, o machismo, a violência, a discriminação e o preconceito dos quais elas ainda são vítimas.
Nada mais simbólico, portanto, que um conjunto de organizações escolhesse o dia 25 de julho de 2023 para lançar a campanha “Tem Floresta em Pé, Tem Mulher“, uma justa homenagem a lideranças femininas que cuidam das matas, dos rios e das pessoas na Amazônia. São mulheres que dedicam sua vida à preservação da floresta e das Comunidades Tradicionais da região. Um trabalho feito em meio a disputas contra atividades ilegais, como o desmatamento e o garimpo ilegal.
Liderada pela Oxfam Brasil, a campanha conta com a participação da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ); do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS); e do Movimento Interestadual De Mulheres Quebradeiras De Coco Babaçu (MIQCB). Essas três últimas são representantes de Povos Tradicionais, informa a Agência Brasil.
A “Tem Floresta em Pé, Tem Mulher” veiculará vídeos, fotos e textos nas redes sociais das quatro entidades. Com isso, pretende tirar os modos de vida dessas mulheres do anonimato, convidando a sociedade a valorizar seu papel fundamental no fortalecimento de Povos Tradicionais e na preservação dos territórios amazônicos. Afinal, como ressalta o Observatório do Terceiro Setor, ao cuidarem dessas áreas, elas também garantem a manutenção da sociobiodiversidade no Brasil.
“As mulheres estão na linha de frente da preservação ambiental e dos Direitos Humanos nessas localidades, mas seu trabalho é pouco reconhecido. Elas são lideranças no movimento social e têm um papel central nas práticas de manejo e defesa dos seus territórios, mas são desconsideradas quando é preciso decidir sobre o uso dos recursos naturais”, afirma a coordenadora de justiça racial e de gênero da Oxfam Brasil, Bárbara Barboza.
Ela explica que “nada ali é feito só por fazer, há muito significado em cada ato das mulheres que estão na floresta”. Por isso, a campanha também quer valorizar as tecnologias desenvolvidas por essas mulheres e suas comunidades. Ao contrário do que muita gente pensa, são técnicas sofisticadas, resultado da transmissão de saberes, geração após geração.
Os canais de comunicação das organizações também denunciarão a perseguição sofrida pelas “Guardiãs da Biodiversidade”. Muitas vezes, essas mulheres são ameaçadas apenas por cuidarem de suas famílias e de seus territórios. O que reforça que a luta pela terra, pelos recursos naturais e contra as mudanças climáticas é a luta pela própria existência. “Nossa liderança mantém viva a nossa luta”, avalia Maria Alaídes de Sousa, do MIQCB.